CHORADEIRA DE DOMINGO

Domingo é dia de sair por aí, visitar amigos, tomar chimarrão com os compadres, dar um trato no carro, enfim...
No meu caso, a opção é sempre o famoso "sair por aí", caminhando contra - ou a favor - do vento, sem lenço, sem documento.
Jamais sem a "Nikon", minha companheira de tanto tempo.
Isso tudo quando permito-me vestir os surrados: tênis e bermuda, dar uma ajeitada nas madeixas, uma vaporizada da minha água de cheiro
predileta (que eu mesmo manipulo, é bom que conste dos autos) e tomar o rumo de "Guti e Riozinho", bucólicos lugarejos que trago entranhados no peito.
Hoje o céu azulou-se , o sol brilhou com intensidade, porém, nem mesmo a certeza de que a natureza lá por aquelas bandas anda esbanjando maravilhas nas floradas das margaridas do charco, foi capaz de retirar-me deste estágio de gripado em que me encontro.
[ A isso, cá por estas bandas, costuma-se chamar de "esgualepado"]
Felizmente agora estou bem melhor e livre do "esgualepamento" a que fui acometido.

Assim, entre um espirro e outro, uma crise de tosse e outra, passei o dia revirando os baús das lembranças.
Um destes baús - o virtual - oferece-me o You Tube para algumas viagens no tempo.
E foi numa destas que estacionei em 1971.
Meus dezenove aninhos de então. O local onde nos reuníamos num animado grupo pra jogar conversa fora.
Uma a uma, as meninas daquele tempo, daquele domingo quase apagado de distância, foram desfilando à minha frente.
Revivi as silhuetas, os penteados, as roupas da época e, com um pouco mais de imaginação, a memória olfativa certamente traria a delicadeza dos cheiros, caso este meu narigão não estivesse entupido.
Mas a canção daquela tarde jamais esqueço.Era entre um acorde e outro que "olhares 43" buscavam saciar a sede da conquista:
Ouçamos!
https://www.youtube.com/watch?v=9j4yLiDvR24