Quando estava no primeiro ano, aos 7 anos, numa pequenina escola de uma vila, a professora chegou na sala de aula, no dia 7 de setembro, com uma canção que deveríamos decorar para as comemorações da independência que ocorriam no centro da cidade, ao som da fanfarra mais famosa da região. Era mais ou menos assim: “Dia sete de setembro é uma data sem igual, em que o Brasil se tornou livre do julgo de Portugal. Independência! Bradou D. Pedro bem forte, separamos de Portugal, independência ou morte. Chegando ao Rio de Janeiro D. Pedro foi coroado e com grande regozijo D. Pedro foi aclamado”. Exatos 4 anos depois, a professora de História, D. Nilda traz no dia 7 de setembro, a paródia do Descobrimento do Brasil: “Quem foi que viu o Brasil achado. Falou malandro, é retardado. Quem foi que viu Brasil descoberto, com as pernas frouxas, à riqueza à mostra, sem vergonha nenhuma ao deleite caíram, sobre a terra mostra. Quem descobriu, por favor, cubra”. E todo 7 de setembro traz à tona essa dualidade de um conceito descritivo que se ancora na noção de liberdade construída de modo equivocado por aqueles que desbravavam, não pra libertar, mas para aprisionar alguns povos. Independência? Ontem estava lá renovando a tradição de ver o desfile das escolas ao som de uma fanfarra (agora comandada por uma escola estadual) quando de repente o cerimonialista solta essa: - Aplaudamos o desfile das escolas de samba! E entre risos e pedidos de desculpa, a “gafe” pode ter sido uma inspiração ou veio a calhar... Tudo é reflexão (ou reflexo). Entendedores entenderão (coisas da modernidade)!