MAS, EM SETEMBRO

Mas, em setembro...

Em setembro os ventos sopram forte, as marés se avolumam e crescem com toda a sua impetuosidade, as folhas secas e a poeira sobem e descem como se fizessem uma coreografia sinfônica sobre a batuta do vento. As ondas marinhas se agigantam e batem forte nas paredes seculares da Avenida Beira-Mar. Ao largo, um veleiro branco e azul desliza majestosamente e despede-se da ilha de todos os amores, se fazendo acompanhar de um bando de gaivotas, tendo como cenário um sol lindo e alaranjado emoldurado por nuvens sombrias da noite, que chega mais tarde nessa época do ano. Sentado na mureta do cais da Praia Grande, vivenciando esse momento mágico eu volto há alguns anos atrás, e ainda te vejo como em meus sonhos. Aquele olhar tímido e a pronunciar palavras evocadoras de desejos satisfeitos, que revela uma dualidade do corpo e da alma, de uma grande paixão que não vingou porque não lutou, mas, que teve destinos outros de uma vida que se passa, mas não entrelaça, naquilo que só um grande amor, aquele que faz cessar os ventos e sobrestar as tempestades pode trazer, o filtro que por ele passa o fio tênue da felicidade ou então, seriamos desconhecidos caminhando na procissão dos anônimos, muitas das vezes lado a lado, sem nos tocar, falar ou mover uma única palavra que nos faça jogar para além do horizonte a solidão e deixar de nos envolver apenas nos sonhos ou de nos imaginar vendo a uma distancia pequena com os olhos rasos d´agua, ou, com os lábios colados, assim como nas cenas máximas de: A proposta; O guarda Costas, O jardineiro fiel, E o vento levou, e todos os filmes que mexeram e que ainda mexem com corações ternos e apaixonados, assim como o meu, o teu... Mas, por onde andas, em qual plaga de encontras? És feliz ou ainda viajas assim como eu em busca desse amor impossível, que só existe em sonhos, assim como no meu? Mas, que saibas que nesta noite eu sonhei contigo. Um sonho que pareceu tão real que eu te senti, velejei em teu ser, deslizei pelas sinuosidades do teu corpo e até bebi na fonte de teu prazer. E agora, mesmo acordado, sinto a tua falta, ouço a tua voz me chamando e, nasce em mim uma duvida ou: não sei se vou te procurar ou se espero que o destino faça a sua parte ou, se talvez seja apenas mais uma situação inusitada que só a magia de setembro possa fazer acontecer...

AIRTON GONDIM FEITOSA

Airton Gondim Feitosa
Enviado por Airton Gondim Feitosa em 05/09/2019
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