G E N E T O N
Estou lendo um livro ótimo, a biografia do saudoso e grande jornalista pernambucano (um dos melhores do Brasil em todos os tempos) Geneton Moraes Neto. Quem gosta de ler um livro arretado deve lê-lo. É de autoria de Ana Farache e Paulo Cunha (editora CEPE).
Já tinha lido uma reportagem na revista pernambucana Continente Multicultural que fez uma reportagem sobe o livro e destacou trechos. Um deles, do diário do jornalista,achei fantástico e foi decisivo para adquirir o livro. Vou transcrever para minhas hermanas e hermanos que tenho certeza vão gostar:
"Volto a sonhar. Retomo minhas antevisões de uma vida longe dessa paisagem. Lembro que minha idade e minha vida, hoje, me dão uma maravilhosa sensação de disponibilidade. Nada me prende profundamente, nada me acorrenta. Minha ocupação maior, acima dos expedientes que cumpro e das aulas que assisto, é traçar o rumo dessa disponibilidade, é entendera coerência dos sonhos, é saber que nada existe de tão importante quanto ter consciência da efemeridade de tudo. Convivo com meus fantasmas e minhas alegrias de criança, minha cegueiras, meus portos de luz, altura, claridade. Vejo meu rosto eventualmente cansado. Eu tenho jeito de quem não se espanta, de quem não entrega os pontos. O verbo ser vale a pena. Seja como for. Além de mim há sempre a imensidão.
"Hoje fi um dia que se antecipou ao verão. Voltar às areias que se chamam Candeias, jogar bola, tomar cerveja. Brinquedo de criança. Ontem de noite na cama: mulher como se fosse bicho do mato. Nesta hora exata, são corpos de animais selvagens, idade da pedra. a beleza maior. Não há cultura, nem civilização, nem relógios, nem nada de errado. Nem paredes, nem prisões. Só corpos, como se fossem animais selvagens. A idade da pedra e da razão, bela como a conquista das estrelas.
"Vi hoje uma moça que é m Rio de Janeiro, uma dessas que carregam canteiros nos olhos, sem ser preciso que ninguém note. Uma dessas que são o verbo ser. Um Rio de Janeiro". Bingo.
Leiam o livro. Inté.