PAPO NA CONDUÇÃO.

Diariamente, principalmente quem pega condução para o trabalho, seja metrô, trem, ônibus, lotação etc, sempre estará sujeito a se deparar com alguma pessoa desconhecida e logo uma conversa, um diálogo começa partindo de qualquer uma. Eu, particularmente, na qualidade de aposentado uso este tipo de condução, esporadicamente. E este tipo de coisa sempre acontece comigo. Como gosto de ler, carrego sempre comigo uma revista ou livro e então vou lendo, mas se alguém que se sentar ao meu lado, por acaso, puxa conversa, imediatamente, por questão de educação, paro de ler e dou toda atenção. Foi o que eu fiz em certa ocasião. Um passageiro, ao perceber uma atitude displicente ou mal educada do cobrador daquele coletivo, não perdeu tempo e começou a puxar conversa comigo, criticando aquele cobrador e resumiu pedindo a minha confirmação: “Veja você como tem gente que acha que é o dono do mundo”. E em seguida descreveu o que presenciara entre uma passageira e o cobrador que o desagradou. Confirmei o seu ponto de vista e em seguida citou o caso do seu irmão, o qual morrera no ano passado, com apenas 48 anos, vítima de um AVC. Só que antes, contou toda a trajetória dele, desde como começou com a primeira loja de 1.99 e em pouco tempo já tinha mais de quatro. Depois comprou casas e começou a alugar e assim, sucessivamente. Segundo o próprio, o seu irmão era um grande empreendedor, um comerciante nato e o filho, seu sobrinho estava seguindo os caminhos do pai. Então, logo que esta fatalidade aconteceu, mesmo assim, o jovem não deixou a peteca cair, mesmo se preocupando com o pai, tomava de conta dos negócios da família. Por fim, o seu irmão veio a óbito e mesmo assim, nenhum comércio foi fechado. Em resumo, que ele queria dizer é que apesar de todo aquele esforço bonito que teve durante toda a sua vida, o seu irmão, um grande batalhador perdeu a vida muito cedo e de maneira inesperada, ou seja, uma fatalidade. Afinal, este é o fim de todos os seres humanos.

Finalmente, não deu tempo nem continuar a sua reclamação sobre a atitude do cobrador daquele ônibus, pois tive que descer, mas pelo menos aquela pessoa conseguiu fazer um desabafo.