O corte na verba das Universidades e Institutos Federais* (10/05/2019)
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência na Comissão de Educação do Senado, disse que não haverá corte no orçamento das universidades e instituições de ensino federais, mas um contingenciamento.
De forma grosseira, contingenciamento é uma intervenção que estabelece limites à produção de bens e serviços. No caso das Universidades e Institutos Federais, o corte é de 30%, mesmo que o governo não admita ser tratado dessa forma. Particularmente, não acredito que o mais acertado seja fechar as torneiras; quem sabe, abri-las na vazão certa. E é também um risco economizar em investimentos, pois se caracterizaria um retrocesso.
Dizer que as universidades brasileiras são "antros de perdição" atenta contra a memória do povo brasileiro, ignorando a contribuição dada por este segmento no desenvolvimento do país, em todas as áreas do conhecimento.
A polícia não é convidada a entrar nas universidades, simplesmente, porque nos _campi_ não estudam bandidos. Ali, existe uma convenção histórica em favor da liberdade de expressão; é canto eterno de resistência e luta; ambiente das manifestações plurais e sem preconceitos. É na universidade onde o ser humano se descobre politicamente. Todos saem diferentes, nunca indiferentes.
Se os recursos estão sendo mal empregados, que se façam auditorias nas contas, recuperem processos e reavaliem os resultados. E que se tomem as providências cabíveis para punir quem tiver que punir. Mas, não é justo penalizar o sistema educacional de ensino superior, pesquisa e extensão de um país, sob a justificativa que está havendo "balbúrdia" nas universidades.
Há que se ter responsabilidades com as decisões que mexem com a vida das pessoas; elas não podem estar contaminadas de ódio e revanchismo. O sacrifício de uma vida é uma dor que é doída por muita gente.
Não me atenho ao que é certo ou errado; mas, ao tempo de vigília, ao diálogo, a maturação... Se a carência for de respostas, "temos todo o tempo do mundo"; só não podemos impor. Todo poder é arrogante e prepotente. E num passado, nem tão distante assim, viramos às costas para o autoritarismo, numa demonstração de que o horizonte fica para o outro lado; mas, também por repulsa.