As manchetes sensacionalistas sugerem um debate inútil* (17/05/2019)
A pressa na divulgação das matérias pode induzir o veículo de comunicação ao que chamamos no jargão jornalístico de "barriga". Explico: é quando uma mentira é tomada como verdade ou a notícia não é bem apurada. Nos meios sociais é mais ou menos que dizer que houve uma "Fake News".
Além do "furo" não ser algo mais tão em voga assim, já que hoje em dia todo cidadão é repórter, não devemos confundir notícia pequena com notícia vazia. Toda história deve ser contada com o devido aprofundamento e comprovação das informações, mesmo considerando a velocidade tecnológica.
O show de opiniões, cálculos, palpites e as previsões apocalípticas estão ganhando cada vez mais espaços nas mídias sociais, cada um defendendo a sua verdade. "Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor". Essa guerra desenfreada pelo click compromete a isenção e a credibilidade do jornalismo, pois os "créditos" muitas vezes são divididos com todos .
O jornalismo moderno está meio que preguiçoso: prefere replicar as informações uns dos outros, deixando de fazer os questionamentos próprios da categoria. E as manchetes sensacionalistas sugerem um debate inútil.
A execração pública da personagem é o mesmo que fazer apologia ao crime, pois alimenta o horror. E não se combate a delinquência odiando o criminoso. O melhor caminho é mesmo atacar o sistema, sem esquecer que dele somos todos parte. O princípio do contraditório diz que todos têm direito a ampla defesa e a serem tratados com dignidade.
Na imprensa, é comum a publicação de nomes de pessoas acusadas de delitos e que são incriminadas antes do julgamento. Quando absolvidas pelo júri popular, como terão suas vidas restauradas?
O código de ética orienta a só revelar algum assunto com absoluta certeza e comprovação das implicações. Por outro lado, mais grave que pecar por antecipação é esconder informações de forma propositada e negligente, colaborando com a impunidade.
Só para vocês observem como é desafiadora a profissão de jornalista. É separar o joio do trigo e publicar.... O que for de interesse público.