MORTES NÃO ANUNCIADAS

Uma das desvantagens de envelhecer é ter que conviver com a morte de pessoas, familiares, amigos e gente sem contato próximo.

Já perdi pai, mãe, amigos queridos e fiquei chateado com mortes decorridas de acidentes, insanidade humana e do acaso.

Sem contar grandes tragédias como de Brumadinho, Boate Kiss, Holocausto e tantos desastres "naturais".

A morte do Ricardo Boechat, em fevereiro, me fez chorar várias vezes ao longo dia dia, porque o escutava sempre na Band News e gostava dele, do jeito de falar, das suas indignações com tudo de errado e pelo seu jeito de cara bom, generoso, de bem com a vida. Pena mesmo.

Fiquei bem triste também por causa das filhas pequenas que deixou, da doce esposa Veruska e da mãe Mercedes que teve que enfrentar esse doloroso baque nessa altura da vida.

Mas a morte da Fernanda Young no domingo passado me tocou de outra forma.

Gostava do que ele escrevia e do jeito como expressava suas ideias em entrevistas.

Ter uma crise de asma profunda seguida de parada cardíaca aos 49 anos e morrer é algo totalmente fora da "lei natural das coisas".

Estava em plena produção profissional, tinha filhas pequenas e de repente algo ceifa todo roteiro original decretando um fim pra tudo, sem pedir licença, sem pedir desculpas, sem pedir perdão.

Sei que vou morrer um dia, exatamente como você e todos mais.

Espero ainda ter chãos a percorrer, erros e acertos a cumprir, desafios a superar e envelhecer com saúde, vitalidade e independente o mais tarde que der.

As mortes dessas duas pessoas que admirava me fez refletir sobre a finitude da vida e das surpresas já reservadas pra nós no próximo minuto.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/08/2019
Reeditado em 31/08/2019
Código do texto: T6733525
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