O ROSTO DA MEDUSA
A lenda grega da Medusa. Um terror, com um tronco humano, corpo reptiliano e que transforma em pedra quem a vê. Possui cobras em vez do couro cabeludo.
Os olhos que petrificam se olhados diretamente. A figura aberrante das serpentes no lugar do cabelo. Uma besta mitológica que atormenta os pesadelos mais profundos, incutindo o medo e horror no coração dos heróis mais destemidos.
Dizem que sua presença sozinha é capaz de desertificar o ambiente. Impõe uma aridez que sufoca.
É um monstro até aos olhos dos monstros.
Mas foi derrotada. Por Perseu. Um jovem aventureiro que usou uma estratégia perspicaz. Não morreu petrificado como os outros porque não olhou a face da medusa. Lutou, literalmente, de costas ao perigo, guiando-se pela imagem que via refletida no escudo polido que trazia consigo. Fazendo do escudo um espelho, pôde se aproximar, de costas, e usar a espada no momento certo para decapitar a besta.
Vê? O segredo está no reflexo. Na face da Medusa vista pela imagem espelhada do escudo. Mesmo o rosto que não se pode olhar em cheio possuía um ponto fraco.
Parece um delírio fantástico? E o é, só que ao mesmo tempo não
sendo. A vida imita o mito. É tudo e, sobretudo, real.
Já fui obrigado a enfrentar essa criatura. Mas não sou Perseu. Só estou vivo para relatar o que está lendo, pois obtive a ajuda de dois itens mágicos muito especiais.
Lágrima e Riso.
A lágrima umedece o clima árido. Bastam algumas gotas para nulificar a presença desertificante. Torna possível a aproximação. Também é usada para polir o escudo e fazê-lo espelhado.
Riso. O extremo oposto ou a perfeita metade da lágrima. Mas esse elemento tem aplicação espiritual. Serve à alma. Fortifica e dá coragem ao espírito para enfrentar o horror que transforma em pedra. Eis o segredo da minha vitória.
Vê? Preciso de ti. Das tuas emoções. Sem tu, não tenho como vencer minhas medusas. Eu seria uma estátua imóvel, morta e derrotada, com a expressão de medo no rosto.
14.04.2018.