Esgotamento
Às vezes eu canso...
Canso de dizer, de ouvir, de questionar, de ser, estar e ter de explicar a razão do cansaço.
Canso porque eu já sei de tudo...porque sei onde estão os furos, as falácias, vi fotos, bilhetes, mensagens trocadas, sorrisos, lealdade indo por vala abaixo.
Canso porque meu íntimo insiste em gritar que ainda há esperança e gera uma expectativa falsa que me surra a cada resposta incoerente e aberrante.
Canso porque boa parte interessante da minha vida foi vivida em torno delas: esperança e expectativa; e quando a expectativa se foi, a esperança chamou pra si a responsabilidade e levou o resto.
Canso porque minha audição é tão perfeita que consegue captar o que você não diz... o que você deveria dizer... o que você quer dizer, mas controla por medo ou sei lá o que.
Canso porque meus olhos são enormes e me faz enxergar claramente o que eu, sinceramente, não queria ver... a razão nos rodeia.
Canso porque eu não esperei sentada a brisa virar a meu favor... eu projetei as velas de acordo com o vento e sentindo o frescor do estação, naveguei pro desconhecido segurando a onda.
Canso porque depois de um tempo de esforço navegando, eu tive fome, sede... e então, à procura de alimento, eu senti necessidade de comer minha própria carne.
Canso porque estando à beira da loucura, eu me lembrei da sensação de estar alimentada por mim mesma...depois disso, eu decido me jogar no mar e boiar até a próxima aventura... a fadiga ganhou... ela me consumiu.