Academia é para malhar ou beber água?

Eu vinha sentindo umas dores nas juntas, fraqueza nas pernas e dificuldades para levantar rápido da cadeira.

A esposa zelosa determinou que buscasse ajuda médica. Primeiro um geriatra, depois um cardiologista e sem não bastasse, procurar também um urologista. Acredito que o mais necessário seria um psicólogo ou se fosse crente um padre.

Munido da carteira do plano de saúde já me vou sentar em mil cadeiras de clínicas médicas que marcam consultas às 8h, ligam confirmando se irei cumprir o horário e depois me deixam sentadinho lá até as 11,43h pra ser atendido.

Exames disso, daquilo e daquilo outro, além de umas dedadas meio de surpresa que me faz pensar em escrever no futuro o que é que faz uma pessoa gostar daquilo.

Todos conscientes e zelosos como a esposa, determinam regimes. Até apelidei de regime de mudo. Sim, de mudo, daquele que não FALA - sem Farinha, sem Açúcar, sem Leite, sem Arroz. Basta juntar o acróstico e estou ai no clube dos mudos.

Sou obediente. Gastei quase todo meu salário de aposentado em camisetas, tênis, calças, bermudas e até um fone de ouvido para ficar semelhante aos homens que frequentam as academias. Só as tatuagens é que não tive coragem de fazer, até porque pele de idoso é tão fina e seca que não creio que alguém faria.

Confesso que devidamente paramentado, faço a matricula e começo a grande batalha entre a necessidade e a dores. Agora, além das dores anteriores, somaram-se as novas adquiridas nos aparelhos.

Meus colegas de academia quase esfregam pesos de 80, 100kg no meu nariz, enquanto me mato pra puxar 2kg. Naturalmente além das diferenças de pesos há também décadas de diferença de anos. Agora o que me deixa mais cismado e confesso que até feliz são as aparições de mocinhas e nem tanto que desfilam com umas calças tão grudadas e apertadas que se a gente não desviar o olhar dá pra identificar até o modelo do bigodinho que deixaram na depilação.

Não tenho lá muita certeza se vou continuar malhando, até porque ainda não consegui entender porque cada um carrega um squeeze de água pra lá e pra cá. Aliás quero também expressar que adoro ver passar na frente da minha esteira as mocinhas tomando goles e mais goles de água. Se é que é água que tem lá, porque elas não fazem exercícios, só caminham de aparelho em aparelho entre os rapazes e mamando goles de seus squeezes.