O VENDEDOR DE CACHORRO QUENTE.

Diariamente aquele senhor de cabelos brancos, mas bem disposto e simpático vai passando empurrando o seu carrinho de cachorro quente. Quem já o comprou sabe e espalha, comentando o quanto é delicioso este lanche que ele vende todos os dias, aliás, menos domingos e feriados. Ele passa quase sempre no mesmo horário pelas mesmas ruas de um determinado bairro de uma periferia da cidade de São Paulo. Mesmo a pessoa que não o compra, só pelo cheiro fica com o paladar aguçado. Ele já tem alguns fregueses certos. Mas quando estes não estão com vontade, ele não fica chateado, pois entende que não é todo o dia que uma pessoa está a fim de saborear um lanche desta natureza. Mesmo assim, ele passa, paulatinamente, pela rua e local sempre buzinando ou oferecendo o seu lanche saboroso, apetitoso, etc. Ele costuma vender mais quando se depara com uma turma de estudantes ou gurizada acompanhada dos pais e neste caso vende mais do que se fosse algodão doce. Aquele senhor tem tudo para ser aposentado, mesmo assim tem esta atividade lucrativa para completar o seu orçamento que é insuficiente para viver dignamente. Mas nos seus olhos não existe nenhum fulgor de ambição, maldade, preguiça, irresponsabilidade. Pelo o contrário, é um protótipo de gente do bem e querida por todos aqueles que, por ventura, têm o prazer e a alegria de conhecê-lo. O seu nome é simplesmente: Francisco, mas geralmente todos os chamam de senhor Chico e ele atende a todos com aquele sorriso no semblante que nunca demonstra cansaço. Veja bem que usei a palavra”demonstra” , pois é óbvio que uma pessoa que trabalhou o dia inteiro, pra cima e pra baixo empurrando um carrinho de cachorro quente, no final do dia o seu corpo deve pedir descanso, pois ninguém é de ferro. Mas, o importante é não demonstrar muito isto e, principalmente, ficar reclamando das dificuldades da vida. Cada dia temos que vencer uma pequena batalha com destemor.