Não me calarei, até que alguém me ouça* (23/05/2019)

Parecia ter voltado ao ginásio, quando estive pela primeira vez numa sessão da Câmara de Vereadores. Mesmo enfiados naquelas carteiras de madeira do antigo Colégio Estadual de Patos, éramos impossíveis.

A algazarra, além de desviar a atenção da sala de aula - O que já era prejudicial para os alunos - Irritava a professora, que usava de sua autoridade para mandar um de nós para casa, feito bode expiatório. Algo bastante compreensível, pois àquela época não entendíamos o significado de muitas coisas, tamanha pequenez. E um dos nossos deveres era colaborar com a harmonia.

(...)

Um homem, de terno alinhado, dirigiu-se ao púlpito carregando um calhamaço debaixo do braço. O discurso eloquente retumbou em toda a galeria.

De punhos cerrados, desafiava os presentes...- Aquele senhor bufava! E o mais impressionante é que não era notado pelos seus pares.

"Não me calarei, até que alguém me ouça", concluiu.

A tribuna é o suprassumo de todo orador. Achei engraçado (retirando qualquer expressão que pareça pejorativa) toda aquela cena.

Pensei: - Deve ter sido um surto por terem extrapolado o embate ideológico...

Ou será que não fora uma falta de educação coletiva?

O certo é que se a minha "professorinha Antonieta" ainda estivesse viva, poria muitos daqueles parlamentares para fora da sessão... - E a puxões de orelha.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 30/08/2019
Código do texto: T6732620
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