Em busca da identidade

Estávamos em seis alunas e dois professores, o que me levou àquele lugar incrível foi o tema: Identidade. Até então, eu não sabia o quê ou quem eu ia encontrar ali. Mas lá estávamos nós. Dissertávamos sobre educação, leitura, literatura e a roda das psicologias com o tema que me trouxe ao local.

Alguém entre nós não estava muito satisfeita com o assunto, mas mesmo assim estava ali, parecia-me inquieta, e quem sabe toda aquela inadequação não pudesse ter um nome, talvez o seu próprio nome.

Algumas vezes a palavra foi solicitada, porque não havia concordância com o que dizia o professor. Mas será isso uma negação? Será que realmente estamos pagando um preço muito caro por nossa bondade para com o outro? Por nosso carisma excessivo, quase hipócrita? Será que esse amor incondicional está nos custando algo mais que todo o ódio, a raiva e a indignação que não podemos sentir e deixar transparecer?

Veio a última interferência da convidada, uma sutil apunhalada. Talvez ela não tenha percebido, mas eu senti! Podia aquela gentil senhora que acredita no amor e no crucifixo, na evolução humana pelos bondosos hábitos, perceber o que dissera?! Sem julgamentos meus caros, é possível que ela tenha se identificado, ou de um lado ou de outro, ela se incomodou, portanto, estava nela algum traço de indignação ou identificação. Eis que a bondosa mãe, declarou-nos que havia entendido a questão, quando estava entrando na biblioteca viu dois moradores de rua, estes de repente começaram a gritar e quando ela se virou para ver o que estava acontecendo, eles gritavam e acenavam para um carro, que segundo ela estava carregando presos e no carro dizia Carga Viva, ela nos disse que entendeu que naquele momento os dois moradores em situação de rua se identificaram com aquelas cargas vivas. Ela sabia que eles permaneceriam por perto, então seria escoltada pelos seguranças da biblioteca até seu carro, um carro feito para humanos.

Dava para perceber a indignação daquela mulher! Eu só não sei se seria por ter lido, em um carro que transportava pessoas em condições desumanas, os dizeres Cargas vivas, ou, se aqueles que ela acredita ter se identificado com as cargas transportadas eram humanos o suficiente para sentir empatia.