Getúlio Vargas
1. Meus pais - andei dizendo isso por aí - eram getulistas. E getulista eu nasci. Em minha casa, meu pai pendurou na parede da sala um enorme retrato do Gegê para que todos soubessem da sua incondicional simpatia pelo estadista dos pampas.
2. Minha santa mãe, nas suas orações, não esquecia de pedir pela saúde e felicidade do doutor Getúlio. Fazia rogos especiais no dia 19 de abril, data de nascimento do notável político gaúcho, na centenária cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, no ano de 1882.
3. No meu tempo de criança, o dia 19 de abril era feriado escolar. Havia desfile cívico em homenagem ao Presidente Getúlio Vargas, gostasse-se ou não dele. Getúlio era endeusado pela massa que até o chamava de "Pai dos pobres".
4. Cresci, acompanhando de perto, com o mesmo entusiasmo dos meus pais, os passos do doutor Getúlio; indiferente à sua postura de manhoso e hábil ditador.
Pouco sabia sobre o que por acaso acontecia nos porões da ditadura. Me falavam, embora cuidadosamente, de um tal de Felinto Müller e de um cara chamado Gregório Fortunato.
5. Guardo na lembrança, com nitidez, o retrato de Vargas cultuado por meus pais. O ditador envergava um impecável jaquetão sobre o qual repousava a faixa presidencial, e abria um discreto sorriso.
Essa mesma foto era encontrada nos mais distantes lugares do Brasil; por alguns venerada como se fosse um santo.
6. Eu servia ao Exército Brasileiro, em Fortaleza, quando Getúlio morreu, já como presidente eleito da nação. Foi às oito da manhã do dia 24 de agosto de 1954.
Depois de uma reunião ministerial tumultuada, fugindo dos olhos vigilantes de Alzirinha Vargas, sua filha, uma mulher poderosa, Getúlio, de posse do seu revólver Smith & Wesson, se suicidou com um tiro no peito.
7. Na tropa, de Artilharia, que eu servia, a notícia da morte do Gegê foi recebida com surpresa; e o constrangimento foi imediato e geral. A corneta tocou e o quartel entrou em rigoroso "regime de prontidão".
Como o quartel era da Arma de Artilharia, assumimos o controle dos canhões. E a ordem foi rigorosamente cumprida: um tiro de festim a cada hora, até o momento do sepultamento do velho caudilho, que entrara para a História, como era o seu desejo.
8. Re-contei esta história, da qual fui testemunha ocular (como dizia o Heron Domingues, ao anunciar o Repórter Esso), para, afinal, fazer uma constatação constrangedora.
9. Vejam: no último dia 24 de agosto foi o aniversário - 65 anos - da morte do doutor Getúlio Dornelles Vargas. Pois bem.
A grande imprensa, preocupada em divulgar e comentar as asneiras de políticos contemporâneos que de estadistas nada têm, deu à data pouca importância.
10.Getúlio, amigos, não foi um político como outro qualquer. Foi um político idolatrado pelo seu povo, porque fez História com H maiúsculo. Não perdeu seu tempo xingando Deus e o mundo. Se quiserem, podem discordar deste cronista.
1. Meus pais - andei dizendo isso por aí - eram getulistas. E getulista eu nasci. Em minha casa, meu pai pendurou na parede da sala um enorme retrato do Gegê para que todos soubessem da sua incondicional simpatia pelo estadista dos pampas.
2. Minha santa mãe, nas suas orações, não esquecia de pedir pela saúde e felicidade do doutor Getúlio. Fazia rogos especiais no dia 19 de abril, data de nascimento do notável político gaúcho, na centenária cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, no ano de 1882.
3. No meu tempo de criança, o dia 19 de abril era feriado escolar. Havia desfile cívico em homenagem ao Presidente Getúlio Vargas, gostasse-se ou não dele. Getúlio era endeusado pela massa que até o chamava de "Pai dos pobres".
4. Cresci, acompanhando de perto, com o mesmo entusiasmo dos meus pais, os passos do doutor Getúlio; indiferente à sua postura de manhoso e hábil ditador.
Pouco sabia sobre o que por acaso acontecia nos porões da ditadura. Me falavam, embora cuidadosamente, de um tal de Felinto Müller e de um cara chamado Gregório Fortunato.
5. Guardo na lembrança, com nitidez, o retrato de Vargas cultuado por meus pais. O ditador envergava um impecável jaquetão sobre o qual repousava a faixa presidencial, e abria um discreto sorriso.
Essa mesma foto era encontrada nos mais distantes lugares do Brasil; por alguns venerada como se fosse um santo.
6. Eu servia ao Exército Brasileiro, em Fortaleza, quando Getúlio morreu, já como presidente eleito da nação. Foi às oito da manhã do dia 24 de agosto de 1954.
Depois de uma reunião ministerial tumultuada, fugindo dos olhos vigilantes de Alzirinha Vargas, sua filha, uma mulher poderosa, Getúlio, de posse do seu revólver Smith & Wesson, se suicidou com um tiro no peito.
7. Na tropa, de Artilharia, que eu servia, a notícia da morte do Gegê foi recebida com surpresa; e o constrangimento foi imediato e geral. A corneta tocou e o quartel entrou em rigoroso "regime de prontidão".
Como o quartel era da Arma de Artilharia, assumimos o controle dos canhões. E a ordem foi rigorosamente cumprida: um tiro de festim a cada hora, até o momento do sepultamento do velho caudilho, que entrara para a História, como era o seu desejo.
8. Re-contei esta história, da qual fui testemunha ocular (como dizia o Heron Domingues, ao anunciar o Repórter Esso), para, afinal, fazer uma constatação constrangedora.
9. Vejam: no último dia 24 de agosto foi o aniversário - 65 anos - da morte do doutor Getúlio Dornelles Vargas. Pois bem.
A grande imprensa, preocupada em divulgar e comentar as asneiras de políticos contemporâneos que de estadistas nada têm, deu à data pouca importância.
10.Getúlio, amigos, não foi um político como outro qualquer. Foi um político idolatrado pelo seu povo, porque fez História com H maiúsculo. Não perdeu seu tempo xingando Deus e o mundo. Se quiserem, podem discordar deste cronista.