Dois anos incríveis
Coloquei ontem aqui na seção crônicas do RL uma maltraçada sobre o bilhete de Jânio renunciando, em 1961, à presidência da República. Logo depois recebi um telefonema de uma amiga de Arcoverde reclamando que eu não afirmara que o saudoso presidente era chegado a uma "branquinha". E lembrou um fato antológico: certa feita Jânio estava no seu gabinete tomando uísque quando chegou um ministro abstêmio e perguntou a ele porque bebia uísque. O presidente que era muito irônco e espirituoso mas sem jamais abrir mão do português escorreito respondeu no ato: "Bebo porque é líquido, se fosse sólido come-lo-ia. E a amiga ainda lembro ou fi-lo porque qui-lo.
Quando essa amiga liga e começa a falar não pára tão cedo. Foi adiante dizendo que os anos 60 e 61 foram anos incríveis. E saiu enumerando fatos acontecidos nesses anos. 1960: Sartre e Simone Beauvoir visitaram o Brasil; Lacerda foi eleito governador da Guanabara; Cassius Clay começava a aparecer nos ringues; Fidel Castro confiscou as refinarias americanas em Cuba; John Kennedy foi eleito presidente dos EUA; e, na área do entretenimento, a moda era o Twist e os filmes da moda eram "Rocco e seus irmãos" e "La Dolce Vita; e Jãnio venceu Lott. 1961: os Beatles começaram sua arrancada para a fama; o filme "Bonequinha de Luxo" (com Audrey Hepburn) era sucesso; Parice Lumumba era assassinado; os EUA sofriam uma humilhante derrota na Baía dos Porcos(invasão frustrada a Cuba); Gagarin subiu ao espaço sideral e de lá pronunciou a frase célebre: "A Terra é azul!"; e... Jânio renunciou com um bilhete de seis linhas...
Antes que ele continuasse o papo, só ele falando, interrompi lhe dizendo que infelizmente ia desligar porque o interfone estava tocando. Mas ela vai voltar a telefonar e alugar meu ouvido. Inte.