Bilhete Célebre
25/08/1961, Dia do Soldado: o Brasil perplexo tomava conhecimento que por intermédio de um bilhete manuscrito (escrito de próprio punho), contendo apenas seis linhas, dirigido ao congresso nacional, o então presidente Jânio Quadros renunciara à presidência da República e, com isso, lançava o país numa crise sem precedentes.
A campanha de Jânio for arrasadora, toda baseada na moralidade pública. O símbolo dessa campanha era uma vassoura (a do seu opositor o marechal Lottt era uma espada). A música da campanha de Jânio dava o mote da campanha: "Varre, varre, vassourinha/ varre varre a bandalheira..." e mais adiante: "Jãnio Quadros é a esperança desse povo abandonado".
Assumindo o governo, ele surpreendeu os correligionários (que se o conhecessem bem não teriam nenhuma surpresa). Não ouvia ninguém, principalmente o congresso. Mas o seu autoritarismo começou a assustar os mais conservadores. Para fazer média com os mais religiosos e reacionários proibiu o biquini nas praias e a briga de galos e corrida de cavalos. E seguiu à risca a cartilha do FMI, restringindo o crédito e controlando os salários. Não perdeu a popularidade. Pela primeira vez na história as repartições púbicas funcionavam bem e respeitavam os horários, os carros oficiais só eram utilizados em serviço e a burocracia se rendia aos bilhetes de Jânio. Com eles o presidente nomeava, demitia e pintava o sete. E api de quem nao obedecesse a esses bilhetes.
Porém, decorridos alguns meses, sentiu que não conseguiria mandar sozinho no país. Então confiando no próprio veneno, urdiu um golpe, via renúncia. Ele tinha certeza que o ovo e os militares o trariam de volta com podres especiais e, quem sabe, sem congresso. Para tanto, a fim de deixar um vácuo de poder enviou o vice-presidente, Jango, à China em missão especial. Feito isso, depois da cerimônia do dia do soldado mandou o célebre bilhete ao congresso:
"Ao Congresso Nacional:
Nesta data e por este instrumento, deixando com o ministro da justiça, as razões do meu ato renuncio ao mandato de residente da República.
Brasília, 25.8.61 - Jânio Quadros".
Não voltou nos braços do povo e dos militares como esperava. O congresso imediatamente acetou a renúncia e empossou Raniere Mazilli na presidência. O seu ato temerário e irresponsável lançou o país numa grande crise. Ele diria depois que foram as forças ocultas que o levaram a esse gesto. Mas fi so a vontade de ser ditador. Inté.