O guaraná da amazônia

Depois de um dia cansativo, e ainda conseguir perder o ônibus. A gambiarra de pegar um Via Timon, descer no Fripisa, esperar o terminal e voltar para casa, foi o que pareceu mais lógico no momento.

A praça com poucas pessoas e o medo ao meu lado, mesmo assim paro para tomar um guaraná da amazônia com um restinho de moedas dentro da bolsa.

O moço prepara a bebida, enquanto meu ônibus do terminal passa sem esperar. Porém, eu espero.

Tinha que valer a pena, sempre valia.

Ao terminar de bater tudo no liquidificador, me entrega em silêncio o copo e eu apenas balanço a cabeça como em um cumprimento mudo.

Bebo, com um pouco de ansiedade pela espera, mas a decepção é imediata…

A bebida aguada, doce demais e com tanta castanha que faz a garganta coçar.

Não podia jogar fora, minhas últimas moedas foram investidas naquele copo de 400 ml que minha cabeça insistiu em comprar.

Enquanto tomava, esperava o ônibus do terminal e olhava ao redor para não ser assaltada, a minha mente começa a vagar para a minha cidade, Beneditinos.

Ali, sim, sabiam fazer um guaraná da amazônia. O conteúdo gelado, doce no ponto e tão denso que às vezes era difícil puxar com o canudo.

Lembro-me das voltas na praça com minhas poucas, mas sinceras amigas da cidade. Lembro-me das vezes que aquela bebida era a única fonte real de diversão, embora agora tenha tantos pontos a serem visitados na pequena cidade, o guaraná da amazônia de Beneditinos continuava atemporal.

Embora Teresina fosse tão metida, tão complexa, ali não sabiam fazer um guaraná da amazônia como o de Beneditinos.

Mas, tomei até a última gota não poder mais ser puxada. Até os pedaços doces de enfeites não conseguirem passar pelo canudo.

Bebi pensando no guaraná de outra cidade, da minha cidade.

Bebi me perguntando que graça tinha aquele negócio açucarado.

Quando terminei e consegui jogar o copo descartável em um lixeiro do terminal (pois, tinha que esperar meu terceiro ônibus da noite) refleti acerca do nome da bebida.

Não sei ao certo se tem o genuíno guaraná da amazônia no Amazonas, ou até se era uma iguaria da própria Amazônia. Mas de uma coisa sei:

O melhor guaraná da amazônia não devia estar na Região Norte e muito menos em uma capital famosa do Nordeste, entretanto se encontrava todo modesto no coração da pequena e acolhedora Beneditinos.

Apenas Ana
Enviado por Apenas Ana em 22/08/2019
Reeditado em 28/01/2021
Código do texto: T6726745
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