A tia Ana e o café quente
Ainda tenho saudade do café quente que a tia Ana fazia as cinco horas da manhã e depois levava a minha rede para eu tomar com pouco de queijo ou batata cozida um dia antes. A tia Ana era quem tomava conta da casa, era quem cozinhava o nosso comer e ainda ia muitas vezes deixar em minha rede porque a tia Ana me queria muito bem e fazia o possível para me agradar com qualquer coisa boa. Eu tenho enorme lembrança da casa do meu avô e sobretudo da boa comedoria feita pela tia Ana Rosa que tinha um prumo certo para fazer um jantar como ninguém. O momento mais alegre de nossa casa era o amanhecer do dia ou a tardezinha quando a tia Ana chamava os seus porcos para o chiqueiro ou as suas ovelhas que vinham dormir no alpendre da casa grande deixando a tia Josefa revoltadíssima porque a criação cagava o terreiro todo e a tia Josefa não gostava de maneira alguma. O café da tia Ana Rosa era gostoso e até a vizinhança parava para tomar café e dar um dedo de prosa com a minha tia ou conversar sobre as plantas do rio Jaguaribe, ou o algodão das croas do rio Quixeré. Esta minha tia resolvia tudo que fosse nosso porque era ela a matriarca da casa dos Agostinhos. A tia Ana não se casou no entanto criou muitos filhos dos seus irmãos e era uma pessoa humana, uma criatura que gostava de ajudar aos necessitados.