O ÔNIBUS GALO BRANCO

O cotidiano foi quebrado neste dia vinte de agosto, um homem interrompeu a viagem do ônibus Galo Branco, o ônibus estava na ponte Rio-Niterói . O homem tomou de assalto o veículo onde estavam trinta e sete passageiros. O homem apresentava em sua posse uma arma e alguns frascos de gasolina.

Logo os meios de comunicação voltaram-se suas atenções para o fato. Foram cinco horas de tenção . O cotidiano de repente foi impedido. Vivemos mecanicamente anestesiados com o nosso dia a dia, quando algo sai fora da ordem chama atenção imediatamente da sociedade.

O homem segundo noticiários estava com problemas, tinha surtado. Queria chamar atenção de alguma forma para o seu desespero. Sabemos muito bem que existem milhares de inconformados,com agruras de várias especies. Mas o sistema não pode parar, não tem como parar. Para esse tipo de situação existem medicamentos para conter possíveis desesperos.

O sistema não aceita essa interrupção descabida, como pode interromper um trânsito, ainda mais na ponte Rio-Niterói? Dezenas de policiais armados, atiradores de elite,os refletores das redes televisivas cobrindo o inusitado. Pessoas tiveram que recorrer aos barcos na travessia Niterói-Rio, pois trabalham na capital, um dia produtivo,mas que insolência um homem solitário impedir o cotidiano de milhares de pessoas. Quanto prejuízo para os indivíduos e para o próprio sistema.

Isso não poderia ficar barato aquela perda de tempo com aquele pobre diabo solitário. E assim foi, mesmo se rendendo, um tiro endereçado o acertou.

Segundo uma das reféns, o homem falou que não queria fazer mal a ninguém. Foi um ato de desconsolação. Antes de tudo terminar ele já tinha liberado cinco reféns.

No entanto, continuaremos com a nosso rame-rame de violência, o trânsito liberado para todos seguirem suas vidas, continuaremos adormecidos , e cada qual com seu embaraço , seu drama. O sistema voltou a sua "calmaria", a ponte Rio-Niterói foi liberada , o sistema sem problema ficou