A SOGRA
Não há brasileiro que não goste de uma boa piada... daquelas bem boladas. E como é imenso o nosso repertório! Há piadas sobre tudo: bêbado, político, amigo, loira, e, coitada, a tão criticada sogra.
Quem imagina que essa má reputação imposta à sogra é coisa de brasileiro, está enganado. Pesquisas realizadas na Itália mostram que trinta por cento dos casamentos desfeitos por lá tem como pivô a figura da sogra. Parece então que a situação por lá é tal qual a de cá!
Mas qual a razão de tanta má fama? Dizem que ela é aquela criatura intrometida, brigona, chata, bisbilhoteira, etc. Será mesmo?
O problema é que às vezes, na fase de namoro, nós homens enamorados, até pressentimos que a futura sogra será mesmo "osso duro de roer", mas sempre vamos deixando por menos algumas de suas "investidas"; aliás, muitos até costumam fazer uma "mediazinha" com a criatura, tipo aquele jogo de bom moço, afinal ela é a mãe daquela que “escolhemos” como futura esposa. É aí onde muitos se perdem!
O tempo vai passando e lá se vão alguns anos em que a amada finalmente está lá como um troféu na estante do nosso coração, mas à medida que o tempo passa, vamos percebendo que muita coisa vai mudando, inclusive o relacionamento com a então sogra. Paulatinamente aquela senhora parece que vai perdendo o status de outrora. Agora parece custar-nos caro ter que suportar tantas mazelas, tantos palpites, tantos “conselhos”; aqueles mesmos que outrora até concordávamos, às vezes só para sermos ou parecermos "agradáveis", como se vivêssemos sonhando em ouvir a futura sogrona dizer: “esse é o genro que eu sempre quis ter”.
Hoje dificilmente concordamos com o que ela diz. Aliás, às vezes, até achamos que ela tem plena razão em determinado ponto de vista, mas discordamos, birramos, esperneamos só por pirraça, por birra.
É..., com o tempo tudo muda, até nisso! Quer alguns exemplos? Será que hoje você ainda traz aqueles presentinhos para todos da família, inclusive para a sogra, como fazia antigamente quando de suas viagens a trabalho? Aposto que nem lembra... , quando muito traz na bagagem aquelas bugigangas de promoção, tão sem graça, adquiridas ali, de última hora, às pressas.
Hoje para você é um verdadeiro saco ter que sair de sua casa para se fazer presente naquele almoço promovido pela família para comemorar o aniversário dela! Você até vai, aos trancos e barrancos, mas parece tudo tão diferente daqueles tempos em que você movido por alguns tragos de cerveja, não media esforços para proferir escancarados discursos de elogios à sogrona.
Tempos atrás era um prazer recebê-la para aquele almoço na sua casa! Ah, eram espetaculares! Você fazia questão de ornamentar a mesa. Caprichava em tudo! Tudo o que ela mais gostava estava ali a postos. Hoje é um dilema que somente você sabe o quanto lhe é angustiante! Os almoços até continuam, mas sem aquelas pompas... A mesa é posta ali, na marra, sem muitos requintes. Já não há brindes; já não há risos, sorrisos, gargalhadas. Hoje você é uma pobre criatura, ali no canto da mesa, com a cara amarrada, cabisbaixo, esperando os efeitos da vassoura que você logo cedinho colocou atrás da porta. É..., as coisas mudaram!!!
Se você, caro amigo, está vivendo uma experiência dessas, se você adora a sua amada, mas tem certas restrições às investidas da futura sogra, ficar calado ou fingir-se de surdo em certas situações, pode não ser uma atitude correta, mas é menos prejudicial do que arremessar confetes à toa só para agradar ou ser simpático além da medida. Faça isso não, pois você estará dando asas à cobra. Faça isso não, caso contrário, futuramente você será um forte candidato a ingressar no bloco dos que odeiam a sogra. Evite, porque as coisas mudam, e como mudam!
eduardo.conde@uol.com.br