CATEDRAL ORTODOXA RUSSA

Atendendo ao convite para participarmos da feira gastronômica do leste europeu, aproveitamos para conhecer a catedral ortodoxa russa que fica na Rua Tamandaré, 710 – Liberdade – S. Paulo Capital, e que a julgar pelo tamanho, devia se chamar capela, mas por ser sede de bispado, recebeu o título de catedral.

No cristianismo, como em toda sociedade humana, vez por outra surge um arranca rabo quer seja por liderança ou por dinheiro e foi num desses entreveros que a igreja católica ortodoxa se separou da romana, rompeu com o Papado e criou o Patriarcado.

Hoje, convivendo em harmonia, os cargos são ocupados por Francisco, no Vaticano (encravado em Roma) e Kirill I (Cirilo), em Moscou.

A liturgia em ambas continua igual, com os mesmos, ordo missae, sacramentos, mesma comunhão dos fiéis (com a obrigatoriedade de passar antes pelo confessionário), etc.

O rito do batismo se faz por total imersão e o sacramento da ordem (para virar padre) só após o do matrimônio.

Só existem padres ortodoxos casados.

Nem solteiros, nem viúvos, nem casados em segundas núpcias.

As imagens católicas romanas, tridimensionais, nossas tão conhecidas e tão condenadas pelos “evangélicos” são representadas por ícones em rebuscadas pinturas emolduradas, geralmente, com triplo caixilho.

A senhora que nos serviu de guia esclareceu antiga dúvida: por que a cruz ortodoxa tem três traves horizontais sobre a trave vertical?

A resposta é bem simples.

A primeira, menorzinha, representa o pergaminho em que foi escrito IESVS NAZARENVS REX IVDAEORUM (INRI);

A segunda, bem maior que as demais, é onde foram pregadas as mãos de Jesus;

A terceira, pequena com inclinação perto dos 45º, simboliza as cruzes dos dois ladrões sendo o lado mais alto o que fica abaixo da mão direita do crucificado. (Dimas, no lado direito e Gestas, no lado esquerdo, conforme o relato bíblico).

A igreja católica ortodoxa russa tem sua origem ligada a Santa Olga, mãe de Vladimir I que abraçou o cristianismo como parte da negociação em que estavam envolvidos seu casamento com Ana Porfirogênita (irmã do imperador bizantino) e o fornecimento de soldados para um “pega prá capar” entre Basílio II Bulgaróctono, o imperador, e o general Bardas Focas que se autoproclamara imperador e ameaçava invadir a capital.

Vladimir I recebeu no batismo o nome cristão do seu cunhado, Basílio, e fez acontecer o maior evento comunitário que a história registra quando nos anos 980 (?) d.C. para que ninguém fosse considerado inimigo do rei, praticamente, toda a população da cidade de Kiev foi batizada mergulhando nas águas do Rio Dniepre.

A igreja é pequena, mas o terreno é grande e nos jardins muito bem cuidados foram instaladas muitas tendas com os alimentos, doces e salgados, característicos dos diversos países que formam o Leste europeu, servidos por pessoas com os trajes típicos de cada região.

Lamentavelmente esqueceram de incluir fundo musical ao evento.

Como lembrança física, compramos imã de geladeira, uma matriúsca. Aquela boneca bojuda, lindamente decorada, que tem muitas outras dentro e que simboliza fertilidade, maternidade, amor e amizade.

Depois de tantas imagens bonitas, de sabores inusitados e da cortesia dos participantes, só nos restou agradecer “bolshoye spassiba”.