Epitáfio* (30/06/2019)
A morte deveria seguir um ritual mais elaborado, pois é assim que pagamos os nossos pecados. Não falo em romper com a celebração que conhecemos... Mas, festejar por três dias, em retribuição. O corpo enterrado "para que a bicharada roa o coração depois da morte", é abandono. Na cova, devemos acender uma vela... - Para iluminar o caminho; mas, também, cantar uma bela canção, dançar e ler um poema. E o devemos visitá-lo sempre que houver saudade, assim exercitaremos a compaixão. Não haverá cruz! A penitência fora os seus dias. Nem tampouco fotografia em túmulo algum! Devemos preservar as imagens em nossas lembranças. A oração pode ser o silêncio... Nada de grinaldas, ora! Basta uma flor arrancada do jardim de casa feito nós meninos. O luto deve ser eterno no coração dos homens. E a maior resignação reservada à mãe. A morte é também uma doação... - E só assim seremos livres. Por fim, ao coveiro deveria ser legitimado o direito de ser recebido à porta do céu por todos os seus favores.