Minha versão
MINHA VERSÃO
(Hélio da Rosa Machado)
Você já parou para pensar no significado dessa constatação subjetiva que vincula a pessoa a um fato, abrindo-se um leque de opções que perseguem o ponto de vista de quem enxerga com os olhos mas às vezes só vê com o coração?
Essa situação que convive com cada um de nós no dia-a-dia pode causar transtornos que vão desde os aspectos objetivos até aqueles lances indescritíveis que perambulam pela percepção íntima de cada um, dependendo, obviamente, do lado subjetivo da pessoa que interpreta o fato dentro de sua concepção de vida, vivenciando situações que oscilam de acordo com sua visão de pessimista e derrotista ou dentro de sua ótica de pessoa otimista e construtivista.
Assim, a minha versão nunca será a mesma versão de outro. Isso pode ocorrer com um fato que vi e também sobre um fato que não vi. O resultado dessa observação pessoal pode se transformar num drama se a resolução obtida por quem observa ressurge de uma visão pessimista. Ao mesmo tempo esse mesmo fato pode se tornar quase nada, ou até menos problemático, ao ser observado por uma pessoa mais otimista.
Observa-se que a pessoa pessimista está acostumada a deduzir as coisas dentro de uma ótica estrábica, pois seu estado de ânimo transcende a simples visão dos olhos, ingressando num contexto de idéias, assim, um fato que poderia ser visualizado em cores vivas, assume dimensões de preto e branco.
Já o otimista, o qual considero mais realista, vê o fato nos contornos reais, ou no muito não faz uma idéia apressada do que vê e procura dimensionar essa visão dentro de uma situação acessível à razão. Ou melhor, procura não ter nenhuma idéia, antes de constatar a realidade do fato.
É por essa razão que muitas vezes uma pessoa comenta com a outra sobre a conduta de uma terceira pessoa num local público, quando fica evidenciado um conflito de ótica, pois a pessoa de espírito racional enxerga um fato notório e concreto, conquanto a outra vê um cenário um pouco diverso do concreto, pois acrescentou seu poder de idealizar, passando a fazer deduções que transcendem a realidade.
Não há dúvida de que umas pessoas são mais observadoras que as outras. Isso não compõe o raciocínio em questão, haja vista que observar não é o mesmo que ter uma idéia iminente de um fato. Ora, quem observa possui um histórico de investigação, já quem imagina não tem nenhum dado objetivo para formar essa idéia. Assim, é comum observarmos que algumas pessoas têm restrições quanto a outras pessoas sem nunca terem sequer conversado com elas. Está aí o exemplo de pessoas que são levadas por sua versão própria, iludindo-se, porque profetizam uma idéia. Isso é perigoso e não deve nortear o comportamento individual de cada um.
Viver é uma filosofia. Não sei se alguém já disse isso. Mas quem é prevenido costuma não ter idéias apressadas ou principalmente não dá muito importância para a primeira impressão, considerando que essa forma de percepção é altamente ineficaz nas relações humanas, pois além de ferir a imagem das pessoas com quem convivemos esporadicamente, também nos causam intimamente sensações negativas e altamente estressantes que atingem nossa saúde.
Cada pessoa tem sua limitação. As pessoas evoluem com o tempo e diante do empenho que empregam nos seus objetivos. Reconhecendo essa ascendência humana e tendo em mente que todos são seres humanos capazes de errar, marcharemos rumo à felicidade, empregando a filosofia da melhor convivência em sociedade, respeitando os limites das pessoas e não fazendo idéias açodadas dos fatos, podemos compartilhar dias melhor para a humanidade.
De acordo com esse princípio de boa convivência, é curial que tenhamos noção das regras elementares de conduta humana, para não corrermos o risco de crucificarmos ou causarmos injustiças para que não mereça. Incorrer numa gafe ou causar vexame nem sempre significa a leitura do caráter de uma pessoa. Não devemos repreender a quem erra apenas para alertá-lo de que errou, principalmente quando esse erro faz parte do aprendizado dessa pessoa. Nenhum de nós é dono da verdade, considerando que esta é relativa, mas temos que ter em mente que cada um é feliz com o que possui e não com o que os outros desejam dela.