Vago (Inspirado em Pessoa)
O espaço que me toma o problema ocupa mais do que a alegria. Só sou através do outro. Quando me reconhecem. Do contrário desconheço-me. E não sei se sinto certo. Como se o sentir que vem do vir e ver. Eu que vejo distorcido, que pouco vejo o que escuto, e falo sem saber, sem pensar no perceber, como um ser perdido em si próprio.
Sou sonho. Traço um caminho sabendo os passos que tenho que dá e faço ao contrário. Esvaio-me de questionamentos no sentimento de contradição de ser. Fazendo do sofrer uma inevitável situação. Sou um poço de insatisfação. Mas não tenho coragem para morrer. Então peno constantemente em meu viver: se vou ou se não vou a opção que eu tomei é a errada. A meu ver eu sou sempre “a desgraçada”, que não quer, mas só sabe saber de sofrer. Não, isso não é consciente.... Mas tomo a ciência analisando os feitos. Perco-me nos fatos. Arranjo-me motivos.... Crio minhocas. Digo não quando quero o sim, digo sim quando quero não. Sou pura encenação. Confundo-me entre ser não ser. Já não sei o que fazer para ter clareza do que sou. Sonho e realidade fundem-me em si de verdade, então vago.