A infância* (01/07/2019)
Na infância, as imagens são de um carrossel... – Que volteia ao redor de si mesmo. O que se cria na infância?... – Castelos de areia, pois não? As coisas começam e terminam na infância. A infância é quase o vazio; um poço sem fundo onde brincamos de enchê-lo. Ali não se enxerga nada além do óbvio. A infância é o supérfluo. A morte e a vida são brinquedos. Par ou impar?. A infância é (in)grata e faz do apego a sua precisão. A infância é boa na lembrança. Precede uma formação que sugestiona. E crescer é doer. A cognição e a moralidade são sacrifícios; o conhecimento intelectual e cultural são sacrifícios; a familiarização com os códigos e regras são sacrifícios; o bom convívio e a integração social são sacrifícios... E nada disso é desafio. Nós somos molestados na infância; torturados física e psicologicamente... Além de coagidos aos modelos padronizadores... para que não sermos chamados de"marginais". O julgamento prévio, com a mão espalmada, é do adulto mal resolvido. E, se os nossos pais são espelhos, quem somos nós? O mundo é mesmo o lobo-mau, o saci-pererê, a mula-sem-cabeça... "Boi, boi, boi; boi da cara preta, pegue esse menino que tem medo de careta..." Perdoem-me Freud, Klein, Winnicott, Bion, Lacan e Jung... - Eu não quero carregar a importância da geração seguinte; quero apenas ser... Uma coisinha está se mexendo no ventre: é o coraçãozinho, ansioso; e, ele, pulsa; e, expulsa. É a vez do parto; e, eu parto, com vontade de ficar.