FUGA FANTÁSTICA !
Este fato ocorreu em uma cidade próxima à nossa região, nos idos anos cinqüenta. O fato foi verídico. Embora já passados muito tempo, os mais vividos ainda se lembram dele, daí usarmos nomes fictícios.
Pois bem. O Celino, desde garoto, já se apresentava uma pessoa muito inteligente. Bom desenvolvimento nos estudos e na prática esportiva, e tinha muitos amigos.
Na juventude freqüentava os bailes na região, geralmente ao som do Ray Conniff, Românticos de Cuba, Valdir Calmon e outros grandes da época.
Certa vez, em famoso baile na sua terra natal, lá pelas altas horas como diziam antigamente, começou um sururu no salão. Isto porque o Celino tirou para dançar a namorada de um rapaz de Calambau . Este não deixou que a namorada dançasse com ele. A confusão foi aumentando e todos que estavam no salão aderiram ao bafafá. Uns ao lado do rapaz da localidade e outros ao lado do rapaz de Calambau . Em dado momento, uma alta autoridade do judiciário local, tentou segurar o Celino pelo braço. Como ele era muito forte, arremessou a autoridade contra uma parede, ferindo-o na cabeça. Este, usando das atribuições que cargo lhe conferia, deu-lhe voz de prisão. A polícia foi acionada e quando ela se aproximava do local, o Celino pulou a janela do salão e escapou-se.
A polícia deu uma “batida” na cidade e não o encontrou, pois a esta altura ele já estava planejando a fuga.
Aconteceu o seguinte:- Naquele tempo um comerciante local comprava as galinhas caipiras da região e elas eram vendidas no Rio. Eram transportadas em um caminhão “Chevrolet”, e dentro de uns engradados. O motorista do caminhão era amigo do Celino. Qual não foi a sua surpresa ao ver chegar muito assustado o seu amigo. Relatado o ocorrido, combinaram uma fuga. Por sugestão do Celino, no momento de carregar o caminhão com os engradados das galinhas, seria deixado um espaço entre os mesmos. Espaço suficiente para o seu esconderijo. O caminhão tinha horário certo para sair, pois não podia viajar durante o dia devido ao calor. O Celino ficou encolhido entre os engradados nas laterais e no alto para não deixar nenhuma suspeita. Combinaram ainda que iriam parar após um posto de gasolina depois da primeira cidade do trajeto. Só que eles não imaginaram o mal que o Celino enfrentaria, pois o calor e o forte cheiro exalado pelas galinhas eram insuportáveis. O “caroneiro” estava quase desmaiando com esta situação. Quando o caminhão parou e foi retirado o engradado que cobria o “fujão”, foi um alívio para o mesmo, pois ele já não mais suportava.
No posto, o Celino após tomar um banho e beber uns dois litros de água, seguiu para o Rio com o seu amigo.
No Rio ele ficou por uns vinte anos, e quando voltou à sua terra natal quase ninguém se lembrava do ocorrido.
O fato é que o Celino nunca mais comeu carne de galinha ou de frango, pois até hoje ele sente aquele cheiro do caminhão...
P.S.: A fuga foi contada pelo Celino a um seu amigo aqui de Calambau. O motivo da fuga foi um pouco alterado “para o bem do povo e felicidade geral da nação”
Murilo Vidigal Carneiro
Calambau, 10 de agosto de 2019