FILOSOFANDO
Espichei o olho por cima do ombro da moça que escrevia no balcão.
"….sinto-me vazia embora esteja cercada de gente por todos os lados.Ando pela rua desorientada ( as vezes ) e sofro quando me deparo com pessoas doentes ou miseráveis, tipo homens caminhando pela rua com cobertor enrolado no corpo. Tenho muitos lugares para ir mas em todos sinto-me deslocada. Estou na metade da vida e ainda não descobri qual minha missão na Terra. Vejo o tempo passando a natureza acabando e meu desespero aumenta cada dia mais. Recuso-me a fazer perguntas banais tipo : quem sou ? De onde vim e a que vim ? São perguntas que já viraram piegas, perderam o significado e se tornaram populares e sem conteúdo. Estão gastas…"
A mulher não parava de escrever e eu não conseguia desgrudar o olho do seu papel. Inclinada para enxergar e ler melhor ,não me dei conta que estava fungando em cima do ombro dela. De repente percebi que me identificava com algumas das suas angustias. Muitas aflições dela existiam em mim. Vacilei para lhe dirigir a palavra. Nesse tempo de indecisão o garçom chegou com minha cerveja e eu tive que me retirar para a mesa onde amigos me aguardavam alegres e barulhentos ,completamente desprovidos de responsabilidade com a vida.
As indagações filosóficas viraram fumaça no meio de risos, selfies, hashtags e outras piadinhas virtuais.
Maria da Penha Boselli* / 2019
Espichei o olho por cima do ombro da moça que escrevia no balcão.
"….sinto-me vazia embora esteja cercada de gente por todos os lados.Ando pela rua desorientada ( as vezes ) e sofro quando me deparo com pessoas doentes ou miseráveis, tipo homens caminhando pela rua com cobertor enrolado no corpo. Tenho muitos lugares para ir mas em todos sinto-me deslocada. Estou na metade da vida e ainda não descobri qual minha missão na Terra. Vejo o tempo passando a natureza acabando e meu desespero aumenta cada dia mais. Recuso-me a fazer perguntas banais tipo : quem sou ? De onde vim e a que vim ? São perguntas que já viraram piegas, perderam o significado e se tornaram populares e sem conteúdo. Estão gastas…"
A mulher não parava de escrever e eu não conseguia desgrudar o olho do seu papel. Inclinada para enxergar e ler melhor ,não me dei conta que estava fungando em cima do ombro dela. De repente percebi que me identificava com algumas das suas angustias. Muitas aflições dela existiam em mim. Vacilei para lhe dirigir a palavra. Nesse tempo de indecisão o garçom chegou com minha cerveja e eu tive que me retirar para a mesa onde amigos me aguardavam alegres e barulhentos ,completamente desprovidos de responsabilidade com a vida.
As indagações filosóficas viraram fumaça no meio de risos, selfies, hashtags e outras piadinhas virtuais.
Maria da Penha Boselli* / 2019