PASSAGENS.INÉRCIA.ARTE. ALEGRIA.

“O ideal não é como pensam muitos inertes, a fantasia que se esconde além do inacessível; é o desabrochar das realidades dentro de nós mesmos.”

Ontem, no dia em que se homenageia o sangue que nos deu sangue, que é vida, transcrevi alguns pensamentos de meu pai. E passei para meu filho, para destinar como melhor lhe aprouver, esses “guardados” de grandes volumes, arquivados desde muito na lembrança, no coração. Um coração que bombeia o sangue que marcou o ocidente para a posteridade com o notável renascimento, ao qual dobro os joelhos diante da genialidade dos grandes mestres da escultura, pintura, arquitetura e tantas outras facetas da arte em geral, mesmo a impressa, de aguçados extremos como Maquiavel e Tomás de Aquino, São Francisco de Assis e tantos outros. O préstito de uma fase da humanidade que dificilmente será igualada, e tenho certeza, nunca superada.

Nunca mais uma escultura como o “Rapto de Proserpina, coloquem no Google RAPTO DE PROSERPINA, BERNINI, e vejam o milagre de um dos maiores escultores de todos os tempos, Gian Lorenzo Bernini, conhecido como o Rei de Roma, pai de inumeráveis obras que podem ser vistas no Google. Fantástico os dedos de Plutão nas carnes de Proserpina, o mármore se transfigura em carne diante da perícia do cinzel.

Tive a sorte e o destino, alimentado pela curiosidade e pelo gosto fino de minha mãe, pintora e pianista, de ter esse lado de um gosto que se tornou um vício e me fez correr anos e anos seguidamente atrás de desfrutar dessas belezas. Nada igual. Isso faz mudar a visão de mundo. Conhecer de perto e com a historiografia estudada e absorvida a arte humana. Continuo sequioso de continuar revendo mundo afora esse alimento do espírito, mas agora a felicidade maior é estar ao lado de minhas netas, com elas conversar e me enriquecer desse maravilhoso mundo da juventude, como agora pela manhã, uma delas chegou e a mãe disse, vai estudar depois, ela baixinho para mim, “não tenho escolha”. Morri de rir e disse : você vai ser advogada, resposta de pronto afiada na ponta da língua.

Por que dessa historieta, pelo introito motivada?

Não ficar inerte, dizia meu pai, pois “a fantasia...se esconde além do inacessível”. Sim, é verdade. Meu pai tinha razão, mas não vivi fantasia, mas a realidade de ver maravilhas saídas do gênio das mãos humanas. Tive essa sorte proporcionada por não ser inerte. Agora “a fantasia (está) além do inacessível”. Minha fantasia reside em sair todo dia, como faço aqui, e ver, rever “trever”, ver sem fim as belezas guardadas em Florença, onde se tropeça em artes nas ruas, que já esquadrinhei tantas vezes de idas e retornos, mas sempre há algo mais a rever com detalhes, das lunetas de Galileu às pinturas da casa de Michelangelo. E estar perto dos grandes centros do mundo da arte, Europa.

Ao revés, tenho “o desabrochar das realidades dentro de nós mesmos.”, como enfatizava meu pai.

Ainda bem que estão dentro de nós mesmos, pois quem procura enriquecer seu interior não necessita estar envolvido nessas baixezas de um caldo burro e deplorável de questiúnculas lançadas no charco da política do mundo, e especialmente do Brasil na recenticidade de sua história, e na continuidade do inútil, dos porcos que dos mais altos escalões arrotam farelos, usurpam, corrompem, nas vilanias, interesses mercantis, pessoais, que eclodem nas casas congressuais, no verbo paupérrimo e truncado, rasteiro, pobre, enganador, chulo, maledicente, com injúrias, ataques e reconciliações hipócritas, sem a vergonha que se pede de personalidades fortes e sérias, tudo reportado por uma “imprensa” imprensada entre o interesse e o crime, na usurpação e venda de consciências para os piores caminhos, em investiduras públicas pontuadas pela fala indevida, imprópria ou covarde, sempre traidora e calhorda.

Mas tenho minhas netinhas ao meu lado, minha família, e com todos vou em breve para o que um grande amigo, de gozação, chama de “parquinho”, o gigantesco complexo de Orlando. É uma outra forma de renovar pela criatividade existente neste local, um outro tipo de arte que se farta de alegria. Também gosto muito de ir lá. Lugar de sonho e imensa criatividade, um renascimento de ano a ano que a obra humana concretiza em novos parques onde o invento artístico se multiplica. Um outro renascimento onde adultos deixam de ser adultos e vivem de novo o mundo dos sonhos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/08/2019
Reeditado em 12/08/2019
Código do texto: T6718306
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