Paixão sobre o muro
-Não sei porque se agarram tanto.Pra que se apegar.Ninguém sabe o dia de amanhã-disse um dos que estavam na fila.
Bem.Depois de cumprir meus compromissos no centro da cidade-recarregar cartão pra ti,comprar remédios pra gripe e comprar pão-fui pra parada do ônibus.A fila estava pequena,mas crescia já que era perto das cinco e meia da tarde,horário em que o movimento aumenta.
Vi uma colega de serviço mas o que chamava a atenção era um casal do outro lado.Ali,uma mureta que protege quem caminha pois é uma parte elevada.Abaixo,o pop center ou camelôs.
O casal estava escorado no muro.Jovens,beijavam-se e trocavam carícias.Nada demais,afinal,pareciam muito apaixonados.Ela ,quando ele não olhava nos olhos ,endireitava a cabeça dele e beijava-o.
Ficaram nisso por uns quinze minutos.Depois disso ela atravessou a rua e seguiu seu destino.Ele foi para o centro.
Claro,capão é uma cidade do interior.Alguns viam aquilo como algo normal-e eu me incluo.Já outros não acharam a cena tão poética.Aposto que muitos acharam aquilo obsceno.
Não,não vi isto.Eles se tratavam como um casal apaixonado.Já vi artistas fazendo como eles.Lembro de uma apresentadora flagrada na praia.Ela dava mordidinhas na orelha do cara,mas muito mais suaves do que as que Suares deu nos campos.
Algo comum entre casais e ,principalmente,novos,como me pareceu ser.
Vale lembrar que tinha um senhor ventinho gelado.Logo,não havia coisa melhor do que ficar agarradinho em que você ama.
A fala do cara da fila tem um certo pessimismo.
Claro.Sabemos que casais separam-se.É que preferi pensar na magia do momento.Talvez o cara da fila tivesse tido uma desilusão.Não sei.Infelizmente,hoje em dia,realmente as coisas mudaram.Não exietem mais longos casamentos ou relações.
Acho que,talvez,consciente disso,aquele casal decidiu viver intensanente aquele encontro tão casual sustentado por uma mureta e observado por passageiros.