Sarau poético* (08/08/2019)
Era 8 de agosto no calendário gregoriano. Elegemos aquele, o dia único da poesia. Era fim de tarde e o céu estava azul. Cada um que carregasse uma referência na mão. O centro de cultura Amaury de Carvalho, em Patos, é a casa sem teto de Vinicius de Moraes – Na praça Edivaldo Mota, número zero.
É ali, também, onde ficam os moinhos de vento de Dom Quixote; e os três lugares de Neruda – Onde ele viveu os mais avassaladores amores... - Por aquelas portas ninguém retorna como entrou.
Poesia é liberdade de expressão. É descrever uma agonia. É o grito dos excluídos. Tem a força de um vulcão... - Declamar ao ar livre é polinizar mundo afora – É um direito a salvação – É a celebração do outro. Poesia é voar fora da asa. É furar o bucho do céu. É uma pedra no meio do caminho. É uma procissão de sapos enfunando os papos. É o formidável enterro de tua última quimera. É Cecilia Meireles.
Na poesia, tudo vale a pena se a alma não é pequena. É o navio negreiro. É a canção do exílio. É o boca do inferno. É o simbolismo de Cruz e Souza. É Oswald de Andrade, escritor e dramaturgo - São os Nelsons Rodrigues. É Mário de Andrade e sua Pauliceia Desvairada
É Machado de Assis – Com todos os seus, que são todos meus – Quincas, Dom Casmurro, Bras Cubas, Helena, Iaiá, Bentinho e Capitu... - Morreu de câncer, morreu nada. Vive eternamente a nos romancear.
Poesia é correr de braços abertos para abraçar a si mesmo - É pular de cima da lua - É sofrer de uma dor doída – É viver procurando rimas e morrer no penúltimo verso – Renascendo logo em seguida... - De improviso.
Poesia é o chão que agora piso – O aboio do vaqueiro - As cabeças desiguais – O coração no meu peito – É o beco de Inácio – A rua grande de meus pais - É a soma de nós todos – Academia – Artes – Letras - São as estrelas que agora vejo... - Ora direi, ouvir estrelas (...) - Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas.
Um sarau poético era o que me faltava; era só o que me faltava...