UM SOPRO DA IMENSA OBRA LITERÁRIA DE MEU PAI.

Meu pai, Braz Felício Panza. Comemoro hoje seu festejado perfil, com um fragmento, um sopro de sua imensa obra espalhada em discursos, palestras, livros e sentenças.

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Na minha norma de viver, só tenho um pensamento, a utilidade da vida. Nunca me impulsionaram vaidades, nem interesses, nem despeitos, nem invejas. Neste programa – utilidade da vida – o tropeço me anima, impulsiona-me o obstáculo, alenta-me a fadiga, dá-me coragem o inimigo.

O ideal não é como pensam muitos inertes, a fantasia que se esconde além do inacessível; é o desabrochar das realidades dentro de nós mesmos.

A pátria não é ninguém; são todos...Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acovardam, mas resistem, mas sofrem,mas esforçam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo.

Quanto mais largas vastidões abrange o saber, tanto mais razão de serem modestos seus cultores.

Não vos desacoroçoo do estudo..

Só há uma glória digna desse nome: é a de ser bom!

Mocidade vaidosa jamais chegará à virilidade útil. Trabalhai, persistentes, incessantes, como o sol de todos os dias e o orvalho de todas as noites. Assim o sobrecenho se desfranze, a aridez se orvalha, o amargor se dissipa.

O céu não pode sorrir propício à nação que transgredir as normas eternas do direito e da ordem, pelo céu mesmo estabelecidas.

Não sei conceber o homem sem Deus. É mais fácil imaginar uma fortaleza sem alicerces, que um povo sem Deus. Deus é a harmonia entre as desarmonias da criação. Incessantemente passam, e hão de passar no vórtice dos tempos as ideias, os sistemas, as escolas, as filosofias, os governos, as raças, as civilizações; mas a intuição de Deus não cessa, não cessará de esplender, através do eterno mistério, no fundo invisível do pensamento, como o mais remoto dos astros nas profundezas obscuras do éter.

A verdade ilumina.

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Quanto mais me interno por esta densa floresta do direito, mais me sinto apoucado e tímido, digo-o sem constrangimento. Não é que tenha visto marchar sobre mim como Dante Alighieri

Una lonza legiera e presta molto,

Che di pel maculata era coperta.

Como o excelso poeta florentino em seu atribulado transe, o que tenha encontrado são jurisperitos, a cada um dos quais digo reverente, quando me curvo sobre o problema da ciência, que eles cultivam com maior amor e honra.

E se a floresta é densa e vasta sobre ela derrama-se abundante a fúlgida luz do sol, luz que se insinua pelas clareiras que a rasgam e pelos caminhos que a sulcam em todas as direções. O estudo do direito não é uma simples volúpia da mente; é antes a religião austera e grave do justo. Para divulgar as verdades deste evangelho, cujas folhas de aço brunido a humildade caldeou na forja das lutas sociais, é preciso ter um pensamento claro e forte e uma palavra sóbria. Não são triviais esses predicados; e devo pensar que não os suprirei somente com a boa vontade. Mas falando assim, não é a indulgência dos mestres que peço; é o conselho esclarecido, a correção benévola, pois toda minha ambição é colher a verdade.

Uma lição fecunda antes de tudo. O tempo é a pedra de toque das ideias. Os sistemas elaborados na abstração dos gabinetes, sem o sopro da verdade que os vivifique, não resistem ao choque decisivo da realidade. Podem fascinar por um instante as inteligências surpreendidas pelo prestígio do que é novo, desfazem-se, porém, ante a crítica serena da história e a reação vitoriosa dos fatos. Estes são sempre eloquentes e falam mais alto que as teorias meramente cerebrinas e vaidosas.

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Brilhe sempre ao resplendor olímpico e sereno da justiça e aos acordes do direito, a Justiça Divina, o "Sol da Justiça, fulgurante harmonia das liberdades. Destruir não se pode o único bem que não se consegue destruir, porque destruir não se pode o que a sagrada justiça outorgou à humanidade para segurança e grandeza de seus destinos.