Unhas para quê?
Janaína era uma menina do tipo engraçadinha. Cabelos crespos de cachinhos e descoloridos da metade às pontas. Usava um rabo de cavalo que revelava a raiz escura do cabelo original. Calças justinhas, blusas marcando a silhueta, balangandãs de toda cor enfeitando o colo, orelhas e os dedos. Os dedos! Esses eram o seu maior destaque. As unhas "de gel" eram muito grandes, longas mesmo. Eram pontudas também. Nunca havia visto nada parecido.
Um dia me aproximei dela num ponto de ônibus, a fim de comentar suas unhas tão grandes e afiadas. Mas antes, meti as minhas mãos nos bolsos do casaco simulando que sentia frio. Na realidade escondia minhas unhas curtinhas, sem esmaltes e com as cutículas sobrando. Por conta das aulas no Conservatório, não tinham mais que um milímetro além da carne.
Cumprimentei-lhe sorrindo com leve movimento de cabeça. Ela abriu um sorriso largo, mostrando os dentes que pareciam não caber em sua boca. Disse "- Bom dia!" Mascando seu chiclete.
Tomei coragem e perguntei como conseguia manter aquelas unhas e se não a atrapalhava em alguma coisa.
Ela riu debochadamente e disse que ela tinha as unhas assim porque o "seu gato" pedia sempre para ela lhe coçar as costas. Ela não podia negar esse serviço tão simples.
" - Nesses tempos a concorrência é alta, mulé!"
Disse rindo enquanto metia a unha crescida no ouvido para uma assepsia da concha. Assim descobri outra funcionalidade daquelas garras "volverineanas".
Antes que descobrisse mais alguma vantagem de se usar aquelas unhas, a moça subiu no coletivo que acabara de estacionar. Ainda pude observar que aquilo era útil para pinçar as moedas do bolsinho esmirrado de sua calça jeans.
Fiquei ali mais uns minutos esperando o ônibus e imaginando quais seriam as outras vantagens de se deixar unhas tão grandes e pontiagudas: espetar batata frita; rasgar saquinho de katchup; usar como palito de dente...
Numa era *touch*, onde o contato do dedo é tão valioso, fiquei me perguntando se daria para ela teclar no aplicativo de mensagens. Aquilo me martelou tanto a cachola que cheguei em casa e experimentei a ponta do cabo de um pente na tela do celular. Não funcionou.
Ah... invenção de moda inútil. Sinceramente, imensas e pontudas para quê?
Janaína era uma menina do tipo engraçadinha. Cabelos crespos de cachinhos e descoloridos da metade às pontas. Usava um rabo de cavalo que revelava a raiz escura do cabelo original. Calças justinhas, blusas marcando a silhueta, balangandãs de toda cor enfeitando o colo, orelhas e os dedos. Os dedos! Esses eram o seu maior destaque. As unhas "de gel" eram muito grandes, longas mesmo. Eram pontudas também. Nunca havia visto nada parecido.
Um dia me aproximei dela num ponto de ônibus, a fim de comentar suas unhas tão grandes e afiadas. Mas antes, meti as minhas mãos nos bolsos do casaco simulando que sentia frio. Na realidade escondia minhas unhas curtinhas, sem esmaltes e com as cutículas sobrando. Por conta das aulas no Conservatório, não tinham mais que um milímetro além da carne.
Cumprimentei-lhe sorrindo com leve movimento de cabeça. Ela abriu um sorriso largo, mostrando os dentes que pareciam não caber em sua boca. Disse "- Bom dia!" Mascando seu chiclete.
Tomei coragem e perguntei como conseguia manter aquelas unhas e se não a atrapalhava em alguma coisa.
Ela riu debochadamente e disse que ela tinha as unhas assim porque o "seu gato" pedia sempre para ela lhe coçar as costas. Ela não podia negar esse serviço tão simples.
" - Nesses tempos a concorrência é alta, mulé!"
Disse rindo enquanto metia a unha crescida no ouvido para uma assepsia da concha. Assim descobri outra funcionalidade daquelas garras "volverineanas".
Antes que descobrisse mais alguma vantagem de se usar aquelas unhas, a moça subiu no coletivo que acabara de estacionar. Ainda pude observar que aquilo era útil para pinçar as moedas do bolsinho esmirrado de sua calça jeans.
Fiquei ali mais uns minutos esperando o ônibus e imaginando quais seriam as outras vantagens de se deixar unhas tão grandes e pontiagudas: espetar batata frita; rasgar saquinho de katchup; usar como palito de dente...
Numa era *touch*, onde o contato do dedo é tão valioso, fiquei me perguntando se daria para ela teclar no aplicativo de mensagens. Aquilo me martelou tanto a cachola que cheguei em casa e experimentei a ponta do cabo de um pente na tela do celular. Não funcionou.
Ah... invenção de moda inútil. Sinceramente, imensas e pontudas para quê?