A democracia como sistema de governo no Brasil é um exercício pautado na construção compartilhada pelo sufrágio universal. O conceito inerente ao radical de origem grega materializa o governo do povo. Mas como um povo governaria sem uma organização sistemática? Daí despontaram formas de atuação desse povo, de modo direto ou indireto, nas decisões que implicariam relações de convivência e normas que as pautassem. Desse modo, o Estado, recebe o “status” de poder representativo e o povo, de poder representado. Se o povo no poder é democracia, logo, estas relações seriam mediadas de alguma forma, fazendo nascer as figuras do Executivo, Legislativo e Judiciário. Parece “lorota”, mas não é. Conhecer a gênese das coisas, amplia o nosso conceito científico. Falar de democracia é fácil, difícil é entender o processo, sem contudo, se valer da base que o ancorou. E para organizar esse “sistema” desponta magistral a política como ferramenta. Por que essa lenga-lenga toda antes de pular de fase? Porque na maioria das vezes que ouço a expressão política receio que o conceito seja deturpado. Inclusive, no Brasil, criaram a expressão “fazer política”, como se fosse um verbo esperando um sujeito a praticá-lo.
Hoje, no supermercado, encontrei duas senhoras que aguardavam na fila do caixa e discutiam sobre política dizendo ser o câncer do Brasil a classe política. Entre frases prontas de ódio e vingança uma sacudida da cabeça como sinal de negação, aos representantes que, de acordo com elas, defendem interesses escusos próprios e usam a máquina pública para auto realização. Logo depois, se ancoraram na vida honesta que levam pagando seus impostos e dizendo não se envolver nesse lixo e que o povo teria o merecido. E fui logo preparando um discurso mental, não de ódio, mas de decepção, afinal sou brasileira e não mereço, nem mesmo numa frase clichê.
Que a “política “ como instrumento de atuação tem sido equivocadamente utilizada é certo, mas a nossa indiferença, contudo, é também fator relevante para o cenário que se apresenta.
“A política... há muito tempo deixou de ser ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se arte da conquista e da conservação do poder.”, afirmou L. Bianciardi. Como ciência, de fato, a política é um bem, mas como arte é frustrante a consequência. E não são poucos os resultados que colhemos. Não há salvadores da pátria e a maioria dos cidadãos eleitos, sequer conhecem as atividades inerentes ao desempenho efetivo de suas funções. A profissão político se instalou no umbigo da pátria e o poder é meramente alternado entre as casas, como se fosse um jogo de xadrez em que o rei reina soberano. É tão comum, que sequer nos damos conta de que a alternância de poder é a forma mais sadia de construir uma nação soberana. Eu não mereço desemprego, não mereço as filas quilométricas do SUS, abro aspas pra dizer que os planos de saúde também perderam a sua função, não mereço uma escola pública estocada na dispensa onde há invasão de larvas, não mereço que as agências de risco saiam por aí dizendo que o Brasil é mal pagador. Não mereço! Careço sim, da verdade que amplifica o som da consciência para partilhar os dividendos. Seria injusto, cruel talvez, não nos colocar no papel de agentes ativos quando do exercício do voto. Alguns dirão: mas nunca imaginei... Mas poder dado pode ser resguardado. Não dá pra dizer que os políticos são a destruição da nação e sair com o troco, dado a mais pela atendente, contando vantagem. “-Toma aqui os cinquenta reais!” disse eufórica dando o troco à irmã. E elas celebraram. E por um instante, perdi a fala.
Hoje, no supermercado, encontrei duas senhoras que aguardavam na fila do caixa e discutiam sobre política dizendo ser o câncer do Brasil a classe política. Entre frases prontas de ódio e vingança uma sacudida da cabeça como sinal de negação, aos representantes que, de acordo com elas, defendem interesses escusos próprios e usam a máquina pública para auto realização. Logo depois, se ancoraram na vida honesta que levam pagando seus impostos e dizendo não se envolver nesse lixo e que o povo teria o merecido. E fui logo preparando um discurso mental, não de ódio, mas de decepção, afinal sou brasileira e não mereço, nem mesmo numa frase clichê.
Que a “política “ como instrumento de atuação tem sido equivocadamente utilizada é certo, mas a nossa indiferença, contudo, é também fator relevante para o cenário que se apresenta.
“A política... há muito tempo deixou de ser ciência do bom governo e, em vez disso, tornou-se arte da conquista e da conservação do poder.”, afirmou L. Bianciardi. Como ciência, de fato, a política é um bem, mas como arte é frustrante a consequência. E não são poucos os resultados que colhemos. Não há salvadores da pátria e a maioria dos cidadãos eleitos, sequer conhecem as atividades inerentes ao desempenho efetivo de suas funções. A profissão político se instalou no umbigo da pátria e o poder é meramente alternado entre as casas, como se fosse um jogo de xadrez em que o rei reina soberano. É tão comum, que sequer nos damos conta de que a alternância de poder é a forma mais sadia de construir uma nação soberana. Eu não mereço desemprego, não mereço as filas quilométricas do SUS, abro aspas pra dizer que os planos de saúde também perderam a sua função, não mereço uma escola pública estocada na dispensa onde há invasão de larvas, não mereço que as agências de risco saiam por aí dizendo que o Brasil é mal pagador. Não mereço! Careço sim, da verdade que amplifica o som da consciência para partilhar os dividendos. Seria injusto, cruel talvez, não nos colocar no papel de agentes ativos quando do exercício do voto. Alguns dirão: mas nunca imaginei... Mas poder dado pode ser resguardado. Não dá pra dizer que os políticos são a destruição da nação e sair com o troco, dado a mais pela atendente, contando vantagem. “-Toma aqui os cinquenta reais!” disse eufórica dando o troco à irmã. E elas celebraram. E por um instante, perdi a fala.