(Valores) do Fundo do Baú

(Pausa.)

Recomeço -- ex nihilo. (Deus...)

A coordenadora, em 2016 ou 17, pedira, num HTPC do início do ano letivo, que escrevêssemos umas anotações para nossas esperanças de conquista até o fim do ano. Seria guardado numa espécie de "Cápsula do tempo". Assim o fizemos. Em dezembro devolveram-nos os papeis com nossas anotações. Eu revi as parcas palavras que tinha anotado. "Esse deve ser seu, W.", ela me disse, entregando a mim o pedaço de papel. Era meu.

As imagens do professor andando por aqueles corredores ("corredores": item recorrente em um outro texto meu) ainda reverberam em minha memória. Passeiam por lá. Ambiente escolar em prédio antigo, muito antigo. Culto ao passado. Cápsula insular. O baú está vazio. O caixão está vazio. Os túmulos aguardam por nós, que insistimos em morreviver. O relógio parado na parede reflete a condição humana: isso de jamais sair do lugar. "O vazio ocupa um lugar imenso" (li isso no Pinterest).

Sem sombra de dívidas, dúvidas se acumulam. Parecem autófagas. As asas do morcego do tempo batem sobre nós. Imagino o mau cheiro críptico que desse bater de asas emana. Embora muitas sepulturas não apresentem sequer o menor cheiro de terra recém cavada. As roupas do Dead não devem estar sujas. Sequer devem existir. Ah, a Aurora dos Corações Negros... Convite a um passeio pelo Cemitério. Voltarmos ao Eterno Nada. Lugar de onde viemos. O mistério da morte só perde para o mistério do amor. Esse deve ser eterno. Enquanto durar, claro...