Novo Herói Nacional
Sou um homem velho que já viveu e testemunhou muita coisa na vida. Por isso devia não e espantar e nem ficar perplexo com mais nada. Confesso que já fui mais radical, arengueiro e revoltado, mas, graças a Deus, consegui não me deixar contaminar pela raiva, pelo rancor e muito menos pelo ódio. Mas assim mesmo, infelizmente, mesmo sem curtir sentimentos negativos, ainda me espanto e me revolto. Mas sem perder de jeito nenhum a compostura. Juro.
Ontem me surpreendi,me espantei e fiquei revoltado e extremamente triste com algo que o presidente afirmou. Ele disse que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra era um herói nacional. Repito:ele disse que esse coronel era um herói nacional. Acontece que, segundo a história, Comissão da Verdade, testemunhas e ajustiça (ele foi o primeiro mltar do tempo da ditadura condenado por ter participado de torturas a presos políticas). Segundo a atriz Beth Mendes, e depoimento em 1985, foi ele quem a torturou. Esse coronel foi o comandante do DOI-CODI entre 1970 e 1974. Não é preciso desenhar a função do órgão e farta documentação atesta que o coronel participava das torturas.
Não não me move o ódio mas a indignação. O ódio corrói a alma humana, mas a revolta e a indignação são sentimentos humanos positivos. Também fiquei muito triste com a declaração do presidente. Sim, eu já sabia da admiração dele pelo coronel torturador no voto que deu pela cassação da presidenta Dilma, ele homenageou o coronel, mas era apenas deputado. Mas como presidente é diferente. Ele vincula o cargo a um absurdo: o elogio a um torturador comprovado. Que já morreu mas não a história da tortura.
Sei não, mas acho esse fato muito deplorável. É como se no Brasil a tortura fosse algo assimilável. Lembremo-nos que o Chile, a Argentina e o Uruguai processaram, condenaram e prenderam os torturadores e autoridades comprometidas com a tortura, enquanto no Brasil isso não foi feito. Ah, Brasil. Inté.