Anacronismo* (12/07/2019)
Fui ficando para trás, como se não tivesse evoluído. Esperava que o carrossel voltasse a remoer as ideias, mas coisa alguma se mostrava engraçada, atrevida ou extravagante. Eu era o pretérito materializado na reedição das horas incertas. Deixei de ser um fiel participante das celebrações do mundo por enxergar o ópio social, não mais um lugar feliz. Fiz de mim um casulo. E só ali existia acolhimento. As poucas vezes em que imaginei sair, pareceram recuos... Eu não era mais desse tempo. - Apenas a morte me era lícita, por abstração. E já estava íntimo do apagamento. Não temia a loucura, mas morrer vivo. E acreditava que isso fosse a vontade de Deus. A minha consciência passou a ser a principal inquiridora. Assim, entregue, deitei-me placidamente no colo da vida. Foi quando reparei que borboletas voavam na direção de um imenso jardim...- Onde ao invés de rosas brotavam todas as perguntas do mundo. O meu jardim.