Cachoeiro de Itapemirim

Cachoeiro do Itapemirim...

Do Rio Itapemirim...

Lembro-me da ponte no centro da cidade, dos carros, das pessoas atravessando em busca de sonhos...

Serpenteava violentamente por baixo querendo romper as margens que aprisionava seu sonho de buscar o oceano.

Eu tinha medo de atravessar a ponte e de cair em suas águas e me perder eternamente,

como eternamente foram perdidas as bolas que eu brincava quando criança.

Estrela da minha infância, estrela que não cintilava, mas tinha o maior brilho de todas as estrelas do oceano negro da noite.

Quantos pedidos eu fiz em noites estreladas?

Quantas vezes te procurava em noites nubladas?

Quantas vezes chorei olhando para você?

Hoje percebo que ainda brilha da mesma maneira de antes e continuará a brilhar no dia da minha morte, deixando cair uma lágrima de orvalho.

Cachoeiro do Itapemirim...

Do Rio Itapemirim...

Do bairro Amarelo, as luzes das casas à noite pareciam estrelas, descia a rua em busca de doces em uma mercearia e subia ouvindo o cantar dos grilos e sentindo o perfume da lenha queimando em brasa.

Minha avó na pequena casa, no fogão cozinhava, tinha um olhar triste e quando me olhava tinha a ternura de uma índia fora do seu mundo.

Cachoeiro do Itapemirim...

Do Rio Itapemirim...

Do meu Pai que perdi em vida, rompendo todas as possibilidades de uma infância feliz.

Lembro-me do seu olhar perdido na imensidão de uma terra, nitidamente com gosto de lembranças de uma infância banhada por um rio.

Cachoeiro do Itapemirim...

Do Rio Itapemirim...

Um dia indo à Vitória passei por ti, já tinha as rugas do tempo, mas quando percebi que passava por sua porta eu senti que ali ainda vivia um pedaço de uma vida.