Viver e morrer

Olhei para a flor e vi o rosto lindo da menina. Tentei pega-la com as mãos, mas espetei meus dedos em seus espinhos. Fiquei então a observar a sua beleza, percebendo que no nascer do dia, suas pétalas se abrem e à noite se fecham e que ela, a flor é apenas uma pequena parte da roseira, que existe independente da existência da rosa.

Olhei os olhos da menina e lembrei-me da beleza da rosa. Lembrei também que a flor tem os seus espinhos e imaginei que a menina também os tem. Fiquei então só, de longe a observar. Vi com o passar das horas, que o seu rosto mudava. Horas mais feliz, outras mais triste e percebi que o seu rosto é apenas parte de si mesma.

Ao olhar a vida como parte, perdemos a noção do todo. A força expressa na vontade do ser nem sempre aparece para o mundo, assim como a tristeza ou o sofrimento, mas se olharmos para ele com amor, perceberemos que muda com o passar do tempo e nesta observação descobrimos que ele é muito mais do que aparenta ser.

A sensibilidade que nos ajuda a perceber a vida é a mesma que nos afasta dela. Quando nos permitimos assustar com as manifestações da vida, deixamos de viver. Morrer e viver são partes da mesma energia, por isso devemos sempre nos alegrar, observar e sentir as expressões da vida, com força e com amor.