No escurinho do cinema

Cinema é um lugar incrível. Onde você não sobe, mas igual ao baile funk, só desce.

Não é rave, mas é escuro.

Depois de tretar com os caras do lado de fora pra ganhar a prioridade na fila da pipoca e até da ordem de entrada, consegui.

Chupa!

É nós que entra!

Consegui vantagem, mas fui ao banheiro antes de aproveitar.

Claro que já tava todo mundo lá assistindo o início do filme, aquelas coisas.

Depois de me degladiar com os do contra ainda apertado, passar pelo segurança foi fácil.

Mostrei o ingresso:

Pensa na caverna do perigo.

Chão acarpetado, mas cheio de obstáculos. Vamo colocar uma escada pra ajudar?

Que tal tacar pipoca, restos de doce, jogar um refrizinho?

Caí naquela parada. Aquele chão estava mais liso do que eu!

Não fui de vez, porque segurei no ombro de um cara sentado mais abaixo.

Sabe quando você vai caindo, e aparece uma corda no último momento?

No meu caso, apareceu um ombro.

O maluco ficou puto:

Foi gritar comigo, cuspiu pipoca, quis levantar, parada nojenta.

Pedi desculpas e continuei descendo.

Pera aí... cadê minha poltrona?

Liguei a lanterna do celular, fui cantando pra passar o tempo e conter a ansiedade.

Aí a sala toda já tinha parado, eu virei a atração.

Não aguentei:

Virei praquele povo e mandei:

- Vocês não tem nada pra fazer não?

Vão assistir o filme, pô!

Ou vocês querem me ajudar a achar essa poltrona misteriosa.

Sempre tem aqueles do cala a boca, o mais contido que parece que tá assoprando uma colher de chá que faz:

"Chi" "..."

E ainda bem que ninguém me mandou sentar!

Conclusão?

Almentei a lanterna, continuei cantando pra conter a raiva, fui expulso e não me devolveram o dinheiro do ingresso.

Curti não.

Wenderson Cruz
Enviado por Wenderson Cruz em 08/08/2019
Código do texto: T6715176
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