TEMPOS DIFÍCEIS? SOBRE SABER ESPERAR MUDANÇAS
Minha graduação em História pela UNESP começou em 1989, ano em que o muro de Berlim caiu. Era o fim de uma era, o fim da Guerra Fria, o mundo celebrava a abertura democrática das fronteiras e dos mercados. Aquela geração de historiadores avançou sobre novos objetos de pesquisa e descortinou horizontes para a Educação evidenciando o protagonismo do sujeito na ação transformadora da História. Acreditávamos e trabalhamos, eramos uma legião.
Passávamos a História à limpo, a "revolução militar de 1964" denunciada como golpe era o cerne do revisionismo que praticamos enquanto especialistas sob o signo das mudanças. A força da abertura política fincou nos corações e ergueu nas mente o estandarte de esperança. A roda da História girou, e girou de novo depois e nos trouxe ao impasse da reorganização da extrema direita - não só no Brasil, em todo mundo.
O movimento cíclico da História é dialético, a percepção da realidade e do passado se alternam e a evolução (seja qual for a direção) não é linear. A roda sempre gira. O que vivemos hoje é cruel mas não é surreal. O indivíduo massacrado pelas mídias ainda pode insurgir. Eu já não combato como combatia, o meu estandarte na trincheira é a Poesia, o coração da Literatura que pulsa apesar e além da política.
É bom lembrar que a máquina da História gira conforme leis da cultura mas tem seu próprio dinamismo, pouco se pode fazer quando a roda gira E A RODA VAI GIRAR DE NOVO, É ESPERAR COM SABEDORIA.
*
Baltazar Gonçalves