A cerca
Deitado na rede olhava fixamente a bagunça da patalhada, e indignou-se. Levantou-se com pisadas firmes com uma única convicção na cabeça, ia dar um ponto final naquilo. Dizia a si mesmo: Chega de pisar em merda de pato!
Deu um chute na porta do quarto de "trecos", viu pelo chão um rolo de arame farpado, pequenos pedaços de ripa, e iniciou o empreendimento.
Cortes, marteladas, cerradas, e assim foi fazendo de forma improvisada a pequena cerca.
Amarrou firmemente cada pedaço de madeira entre os arames e assim foi procedendo até o fim.
Lá pelas bandas da tardinha, suado e cansado depois da labuta, pos-se a frente da cerca, colocou as mãos na cintura e ficou contemplando satisfeito a sua obra.
Mas, ou por imperícia própria ou persistência patolística, a pata e os patinhos se espremiam por entre as ripas e ultrapassavam o obstáculo.
Então ele riu admirando a inteligência das aves e pos-se a tapar as brechas da pequena cerca o resto do dia.