ARTE MORIBUNDA


Escrever é uma arte que está morrendo por falta não de escritores, mas de leitores. Ninguém mais tem paciência de ler um texto com o devido cuidado que ele merece. Ninguém leva em consideração o tempo gasto pelo escritor a organizar suas ideias de forma coerente em uma tela de computador ou folha de papel. 

Escrever é um exercício da alma, que muitas vezes, é corajosamente desnudada sem qualquer pudor para ser apreciada, odiada, julgada ou ignorada. E me parece que a última opção é a que prevalece nos dias de hoje, porque ninguém lê mais.

Na era dos vídeos e das redes sociais que impõe limites de caracteres (como se as ideias e sentimentos pudessem ser devidamente expressados levando em conta uma matemática absurda, controladora e castradora), as pessoas estão deixando de ler. Alegam falta de tempo, mas na verdade, é falta de interesse mesmo.

Ler é dedicar sua atenção ao trabalho de outra pessoa, e o que acontece nos dias de hoje, é que todo mundo quer chamar a atenção para o seu próprio umbigo. O importante é ter likes e comentários, mesmo que tais comentários não tenham nada a ver com o texto escrito, o que expõe ao ridículo aqueles que equivocadamente comentaram devido a obviedade da sua não leitura. 

Mas quem se importa, não é mesmo? Ninguém lê sequer o texto, quanto mais os comentários.

Concluo que escrever tornou-se a mais solitária das artes, já que escrevemos para nós mesmos, e não mais para os outros. Fico pensando no que será da literatura daqui a alguns anos: resistirá? Da mesma forma, penso na arte da música, que tornou-se pólvora de cabeça de fósforo para consumo rápido. 

Na verdade, eu me sinto feliz por ter 53 anos em 2019, o que significa que eu não estarei aqui para ver um mundo sem arte, no qual autômatos postam sorrisos falsos em redes sociais e não têm uma vida real.

Viva a superficialidade!


"Lindo e reflexivo, visite-me em minha escrivaninha."




Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 31/07/2019
Reeditado em 31/07/2019
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