E lá vem o relógio avisar que já são meio dia e meia, marcando no tempo com seus ponteiros extremos. Uma olhada rápida e milhões de pensamentos saltitam em milésimos de segundo para deixar a mente ocupada pra não viver de vazios.
Tempos modernos tiraram de nós a ociosidade como ideia de limpeza de dados, tipo formatação de computador, descarga mental, nos dando a falsa sensação de inutilidade se, não estivermos produzindo o tempo todo, como se parar fosse um crime. Se uma criança para na calçada vem logo a mãe apressá-la para cumprir as suas obrigações. Se o motorista do ônibus para, lá está o cidadão atiçando-lhe ao movimento. Movimento virou sinônimo de vitalidade e sucesso e a ausência dele, inutilidade, imprestabilidade.
E lá vamos nós amargar as estatísticas com as doenças mentais traduzidas como dores na alma. Quem nunca comeu chuchu requentado ou pão dormido atire a primeira pedra.
A ideia de felicidade urgente vendida como se fosse remédio manipulado em farmácias sabota a verdadeira experiência de vida onde a teoria e a prática nem sempre são servidas no mesmo prato. Todos nós temos dias de “estar de bode”. Frustrar-se é preciso, não há rosas em todo jardim. E nem pássaros em todos os quintais. Talvez seja só uma constatação alimentada pelo universo singular ou quem sabe um certo choque de realidade impactante. Mas no fundo, talvez seja uma viagem subterrânea a um mundo repleto de fantasias. Porque vida real não tem script e nem injeção de ânimo.  Será que entrega à domicílio? 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 31/07/2019
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