- Fraude na execução! Dizia ele para si mesmo enquanto fazia dormir suas expectativas em cama de gato. Suas traduções eram equivocadas quando traçava o desenho de si. Pobre coitado, era rico em tons dourados vistos a olho nu no pescoço e braços, mas por dentro era um vazio que nem a última semana de frente para o mar na Suíça, superando os três dígitos diários, o levariam para o centro. Verdade seja dita, sem chorumela, se dinheiro fosse sinônimo de felicidade Eike Batista não ostentaria sua lambourghine italiana na sala de estar e não se renderia à convocação das grandes fortunas mediante o emprego de ações cominadas como crime. O dinheiro corrompe: discurso político de autocontrole em curto-circuito. Quem se corrompe, rompe enquanto assina cheques em branco pra postar no tempo e aguardar o pagamento (custe o que custar virá). O nosso descrédito na justiça, que anda meio capenga pela altura do salto e com o vestido fatal, desfila fútil, inútil talvez, nas bodas de ouro que não contam anos. Como advérbio de dúvida, até que o talvez conforta o nosso senso: bom senso, diria numa tradução mais conceitual. Essa história de poder parece sarna em caveira, tomando os ossos pra justificar a nobreza tão efêmera no capitalismo. O mercado sobe e desce e a ganância vai empilhando as latas da soberba pra criar pedestal com fama e dinheiro. Até que numa esquina, por deslize (alguns chamarão de justiça de Deus) cai sobre a mesa a comanda. Ele achava que era demais, até lhe faltar dígitos e sobrar grades. Dinheiro compra tudo, exceção à felicidade.