Cruel, desumano e inaceitável
Que estamos vivendo um momento de tensão no país é fato. Indiscutível. Mais que a tensão aumenta e se torna ainda mais sufocante e absurda devido a provocações e opiniões descabidas e levianas da autoridade maior, o presidente da república. Desde a divulgação de um vídeo pornô no carnaval, ele vem fustigando,provocando e gerando tensão. E é obcecado na defesa da repressão dos temos da ditadura. Foi assim que fustigou e provocou a jornalista Miriam Leitão. Lá atrás já havia, quando deputado, na votação da licença para abri processo de cassação da presidenta Dilma, dedicado seu voto à memória do coronel Brilhante Ulstra, um dos responsáveis pelas torturas no país.
Mas ontem foi ainda mais desumano e cruel quando atacou a memória de um dos "desaparecidos" do tempo da ditadura, o pernambucano Fernando Santa Cruz. Ele ironizou o irmão dessa vitima da ditadura, o atual presidente da OAB, dizendo que sabia como morrera Fernando e mais tarde afirmou que ele tinha sido assassinado por companheiros da luta clandestina contra a ditadura. Foi cruel, faltou com a verdade e foi, portanto, desumano. A Comissão da Verdade apurou o caso e concluiu que Fernando Santa Cruz e seu companheiro Eduardo Collier foram presos no Rio pelo aparelho da repressão e assassinados nos porões da ditadura e seus corpos, com certeza, incendiados num sítio no Rio. Mais: há um documento da Aeronáutica que afirma que os dois foram presos pelo aparelho do Estado no Rio.
Que o presidente tem o direito de ser admirador da ditadura e defensor das torturasnão se discute, há gosto para tudo. Mas como presidente ele não pode ferir a liturgia do cargo faltando com a verdade e atacando uma vítima e nem tampouco atacando a OAB. Duvido que um político pernambucano, mesmo governista, venha a público ratificar e ensossar o que afirmou o presidente. Detalhe: o governador de São Paulo, que teve o pai perseguido pela ditadura, afirmou que a declaração do presidente é inaceitável. Ele foi cruel, leviano e desumano. Inté.