As garotas da ficção
O escritor inglês Frederick Forsyth ganhou um fã incondicional quando li seu romance “O Dia do Chacal”. Nada a ver com o filme estrelado pelos atores Bruce Willis e Richard Gere. O filme original baseado no livro é de 1973. Forsyth é genial na forma como conta o fato, e depois esmiúça os acontecimentos que levaram ao fato.
Embora Frederick Forsyth nunca tenha criado uma, ainda não encontrei uma explicação para ser completamente seduzido pelas “mocinhas” das ficções. Sempre que encontro uma mocinha lá estou eu apaixonado. Foi assim com a Lisbeth Salander da série “Os Homens que não Amavam as Mulheres”. Foi assim com a Louisa Clark da Jojo Moyes.
Não posso dizer que me tornarei um fã incondicional do escritor Charlie Donlea. De certeza é que adorei seu estilo ao escrever “A Garota do Lago”. Fiquei sabendo de Donlea na sessão de livros mais vendidos da revista Veja. Já li e gostei de outros livros com “garota” no título. “A Garota de Você Deixou Para Trás”, da Jojo Moyes. “A Garota do Trem”, da Paula Hawkins. Então mergulhei fundo no lago.
O cenário da ficção contada em “A Garota do Lago”, poderia ser em qualquer cidade brasileira. Aqui a ficção do livro é a terrível realidade. Mais de dez casos parecidos ao de Becca Eckersley acontecem por dia no Brasil.
Depois que seu longo período de licença e não contarei o motivo terminou, a repórter Kelsey Castle é enviada para a cidade de Summit Lake. Lá ela deve cobrir o caso de Becca Eckersley. Filha de um advogado poderoso com pretensão de tornar-se juiz, a jovem universitária foi estuprada e morta na casa de férias da família.
À medida que segredos são revelados, e chegaremos à conclusão que alguns quando revelados podem evitar tragédias, Donlea apresenta uma série de suspeitos. Chegando com a leitura na metade do livro, já é possível se fixar no principal suspeito. Em dado momento, um inteligente Charlie Donlea tenta induzir você crer estar errado. Não caia nessa armadilha armada pelo autor.
A exemplo de Lisbeth Salander e Louisa Clark, Kelsey Castle também é uma dessas mocinhas corajosas. Sua coragem vai crescendo na mesma proporção das coisas que a repórter descobre ter em comum com a vítima. Quem ler saberá. O livro termina com uma Kelsey livre para recomeçar.
Diferente dos livros de Agatha Christie, quando os assassinos são revelados geralmente apenas nas últimas páginas, em “A Garota do Lago” ele é apresentado antes. Tem menos a ver com o assassino e mais com o nascimento do psicopata.
Creio ser impossível saber como a mente humana é arrombada deixando o psicopata entrar. O alimento que faz esse terrível monstro crescer sem dúvida é a covardia.