eu tenho a vida

olha só, tem vida em seus cabelos, tem vida em seu olhar, tem vida em seu riso. percebeu? viu? admirou? venha até a morte e desfaça o medo, e se engatinhe para a vida. entenda e pense que estamos redondamente vivos e em puro magnetismo com a vitalidade do ser. absorva a natureza e destribua miudezas e singelezas para além daquilo do que se vê. e não chores, e muito menos entristeças se acaso o meu amor não couber em palavras. não acorrente-se a minha matéria, não se prenda aos meus presentes. um dia não posso está a fazer carícias em seus cabelos. uma hora posso pegar o trem e partir, e nunca mais voltar.

não fiques colérica, estou apenas lhe transmitindo a energia da minha alma para fazer-lhe em uma pessoa de estima, em uma pessoa única. entre tudo não quero que pense na minha maneira em que lhe faço piadas prontas das quais as suas risadas caem na gravidade da cozinha, ressoando e batendo na tristeza.

gostaria de pegar-lhe sua mão direita e enfeita-la de lírios do campo; e o seu olhar dizendo para ficar e amar até o término do horário de verão.

mas as estrelas insistem em chamar-me para outra jornada. o céu clama por mim. não estou mais em contato com a terra, não estou mais em ligação com suas manias e esquisitices. o meu amor por ti vai e volta como o pêndulo do relógio: que só sabe fazer tic-tac.

a tua lágrima me assola como um tsunami, por favor, não despejes seu oceano no vazio. quero o ar da maresia iluminando a sua vida, as suas noites, as suas solidões.

conheças outras pessoas, desfrute de novos amores, mas em hipótese alguma pense em pisar no rio mergulhado novamente porque serás um tiro no escuro.

sei que estou sendo faca afiada em pele sensível. sinto muito por estraça-lhar a sua carne de sentimentos, mas quero que sofra apenas uma vez. quero que saibas que estou mais moído que tu. meu corpo está enfraquecido ao escrever-lhe tais palavras.