Crônica. Como as coisas são
Faz 34 anos. Agente chorava todos juntos ao caixão da mamãe. Pai e 7 filhos. Tínhamos entre 8 e 14 anos.
Papai mora na Bahia e veio nos visitar. Estava passeando da casa dum pra casa doutro. Pretende ficar mais algumas semanas e já está na quarta semana que chegou.
O aniversário dele é dia 5 de agosto e a gente resolveu comemorar no dia dos pais. Dia 10.
No dia que chegou em Fortaleza, sua neta Thainara e o marido, vieram deixá-lo no Icaraí de Amontada. Parecia tudo normal. Não desconfiavamos de nenhuma conspiração.
Os dias vão como os segundos e para o dia de ontem, minha irmã Celma e família, viriam pra casa de nosso irmão em Icaraí. Também iríamos pra lá passar ontem e hoje juntos.
Nosso pai estava indo pra rodoviária, na sexta, pra vim pra cá. O marido da minha sobrinha Thainara, estava levando meu pai de carro pra rodoviária.
No caminho, uma ligação para o marido dela e ele diz ao meu pai que a Thainara está passando mal. Meu pai desiste da Viagem e vão em socorro dela, mas ela tinha sido alvejada 3 vezes na cabeça e estava sem vida no chão.
Aí começa nosso pesadelo. Tudo muda bruscamente porque as coisas são como são e não como planejamos.
Os momentos planejados para sábado e domingo foram desviados para outro lugar numa situação dramática.
Os dois envolvidos no crime foram presos e o marido também. Principal suspeito. Já tinha sido preso por ameaçar de morte minha sobrinha e havia 3 BOs contra ele.
Ainda no local do crime, a polícia o deteve.
As investigações estão acontecendo, mas os mais íntimos sabem que foi premeditado.
34 anos depois, estamos, de novo todos juntos, chorando ao caixão de uma neta de nossa mamãe. Pai e filhos.
Ainda estamos tontos, mas sempre sei que as coisas são como elas são.