A estrada não tem razão

Refém. Por muito tempo meu corpo foi minha jaula. Escondia-me de mim mesma. Senti a dor da crueldade de querer podar a própria sensibilidade. Minha poesia grita desde que compus - lá no ensino fundamental - uma canção de amor para minha primeira paixonite. Aos 13, meu corpo já se arrepiava com a voz de Nina Simone cantando Feeling Good. Descobri Frida Kahlo por minha intrínseca curiosidade, que ardente, busca assistir todos os filmes, ouvir todas as músicas, ler todas as poesias.

Refém. Por muito tempo achei que sabia demais. Adolescência prepotente que me colocava em posição de soberba e indiferença. Hoje, mais do que nunca, a incerteza da estrada me coloca numa posição de incompletude. Sou gigante mas sou tão pequena. Olho para o céu todos os dias e bate a graça das pinturas serem sempre diferentes uma das outras. Não há razão na estrada; há possibilidades, há o que se aprender, há o que se ensinar. Errar é delicioso. Aprender me enche de tesão. Com o sofrimento, rasgo minh'alma, e ela, se expande mais e mais, e nela, cabe mais mundo. Deixei minhas certezas e me permiti a ignorância. De pegada em pegada, criarei uma rota para descobrir o que ainda não sei.

GSMG
Enviado por GSMG em 27/07/2019
Reeditado em 01/09/2019
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